Oferta de combustíveis fósseis na Europa será maior do que a procura até 2035, indicam estudos

Duas pesquisas publicadas nesta quarta-feira (21) apontam que a demanda por óleo e gás na Europa deve ser menor do que a capacidade de produção do continente nos próximos anos. A queda é consequência de iniciativas de transição energética na região.

Segundo o relatório European LNG Tracker da IEEFA (Instituto de Economia da Energia e Análise Financeira), a procura por gás é a menor dos últimos 10 anos no continente. O ritmo de queda aumentou com o conflito entre Rússia e Ucrânia, já que a Rússia costumava ser um dos principais fornecedores de gás para a Europa.

No entanto, os países continuam investindo em infraestrutura para produção de gás natural – oito terminais foram inaugurados nos últimos dois anos no continente. Sendo assim, a Europa caminha para uma capacidade de produção três vezes maior do que a demanda do produto, segundo o estudo.

Também divulgado hoje, o relatório "On Thin Ice" indica que, mesmo com o fim da exportação de gás e petróleo da Rússia, o continente europeu não precisará de mais investimentos em produção de combustíveis fósseis no futuro. A projeção considera um cenário em que os projetos já estruturados para esse fim sejam concluídos e que a União Europeia cumpra seus objetivos climáticos.

Os países da União Europeia já possuíam metas e planos de transição energética formalizados desde 2016, com o Acordo de Paris. De acordo com Ricardo Fujii, especialista em Conservação no WWF-Brasil, o encerramento das relações comerciais com a Rússia “Juntou a fome com a vontade de comer”.

“A efetivação desses planos não estava ocorrendo de maneira acelerada. O conflito entre Rússia e Ucrânia fez com que eles ganhassem um sentido de urgência, já que o fornecimento de gás natural foi prejudicado.”, completou Ricardo.