22/04/2024 às 17h00min - Atualizada em 22/04/2024 às 17h00min

Afinal de contas, por que se empreende tanto no Brasil e no mundo?

Na lista de desejos dos brasileiros, empreendedorismo perde quando o assunto é educação financeira, de acordo com CEO da Campus Party

Bianca Rocha
Bianca Rocha
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O brasileiro já nasce camelô, ele já nasce empreendedor por natureza.” Essa frase é de Tonico Novaes, CEO da Campus Party Brasil. Mas o empresário ressalta que, assim como temos milhões de empreendedores se aventurando no país, também temos muitas empresas fechando as portas depois de dois ou três anos de vida. E isso tem um motivo principal: fragilidade na educação financeira.

De acordo com a nova edição da pesquisa Monitor Global de Empreendedorismo (Global Entrepreneurship Monitor – GEM) 2023, realizada pelo Sebrae em parceria com a Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe) – o Brasil tem agora 90 milhões de empreendedores ou candidatos a empreendedores no país. 

O número total de empreendedores – cuja porcentagem é em relação à população – o Brasil cai uma posição e fica em 8ª, com 30% da sociedade adulta envolvida com o mundo dos negócios. Em termos de proporção, em primeiro lugar da lista está o Equador, seguido pela  Coréia do Sul, Grécia, Ucrânia, Arábia Saudita, Guatemala e Índia.

Desses 90 milhões de brasileiros, 42 milhões são pessoas adultas, entre 18 a 64 anos, que já tinham um negócio ou que adotaram alguma atividade em 2023 visando ter um negócio no futuro. Outros 48 milhões são pessoas que não têm empreendimento, mas que gostariam de ter em até 3 anos. A porcentagem empreendedora apresentada no relatório coloca o Brasil em terceiro lugar da lista dos 15 principais desejos dos brasileiros, ficando atrás dos tópicos “viajar pelo Brasil” e “comprar a casa própria".

 


 

Novaes vê a revolução digital como o grande impulsionador que faz o brasileiro querer empreender mais. Além disso, cada vez mais as pessoas vão precisar empreender e encontrar oportunidades dentro do mercado, seja em suas carreiras de empresários – por meio da tecnologia, abertura de startups –, seja por meio de microempresas ou empresas individuais, onde possam encontrar soluções para demandas do mercado.

Cada vez mais os empregos estão diminuindo. Vão diminuir por conta de uma eventual crise. Porque cada vez mais a tecnologia está chegando e vai mudar empregos e as profissões da forma como a gente conhece. As ferramentas estão se transformando e vamos ver profissões diferentes no futuro”, afirma o CEO da Campus Party.

O relatório 2023 da GEM mostra que o Brasil se manteve com a 2ª maior estimativa absoluta, atrás apenas da Índia, que tem 106 milhões de empreendedores potenciais – lembrando que estamos falando de um país de 1,4 bilhão de habitantes O estudo ainda mostra que 65% das pessoas conhecem um empreendedor e que quase dois terços têm confiança em suas habilidades, experiências e conhecimentos para começar a empreender. O retrato posiciona o Brasil entre os países mais empreendedores do mundo. 

O brasileiro, se perde o emprego, não deixa a peteca cair. Ele vai para a porta da escola vender brigadeiro ou quentinha, vai dar seu jeito de empreender e resolver, embora a educação seja um grande problema no Brasil”, diz o CEO da Campus Party.

Para Fabio Louzada, economista, planejador financeiro CFP®️ e fundador da Eu Me Banco, diz que, sem educação financeira, os empreendedores podem ter problemas para controlar o fluxo de caixa, gerenciar dívidas, investir e tomar decisões financeiras estratégicas para o negócio. Também podem ter dificuldades com o gerenciamento de colaboradores. 

Ele ainda destaca pesquisa da Fintech Leve: 52% dos entrevistados não sabem como montar um planejamento financeiro. “De fato, é um número bem alto e não duvido que seja ainda maior. Não fomos ensinados na escola sobre educação financeira, infelizmente. O problema pode ser enfrentado com programas de educação nas escolas dentro da grade curricular para ensinar as crianças, desde pequenas, conceitos fundamentais de finanças”, diz o fundador da Eu Me Banco.

Além disso, o empresário afirma capacitar professores para o ensino de educação financeira desde a infância e ajudar famílias que se encontram em dificuldades com palestras e auxílio na reorganização das contas. Falar sobre o assunto desde cedo e incentivar a gestão cuidadosa do fluxo financeiro doméstico são formas de preparar o brasileiro para a gestão profissional, quando é o caso.

 

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