No Global Meeting – Circuito COP30: Simpósio de Economia Circular e Cadeias Produtivas Sustentáveis, realizado no Complexo Na Praia, a presidente da Rede Governança Brasil (RGB), Cristiane Nardes, transformou governança pública e ESG em narrativa concreta de desenvolvimento econômico e inclusão.
Em uma fala marcada por exemplos práticos e convites à ação, ela retomou a missão da RGB desde 2019:
“Somos uma associação sem fins lucrativos, com mais de 600 voluntários e 26 comitês temáticos. Nosso foco é levar governança para onde a política pública acontece de verdade: os municípios”.
Ao agradecer “o apoio que faz a Rede chegar mais longe”, Cristiane foi direta ao ponto:
“Não temos como não envolver o ambiente público. O IESGO do TCU, que ampliou o antigo IGG para abarcar dimensões ambiental e social, mostrou que a governança virou requisito — não acessório”.
Na prática, diz, isso significa preparar prefeituras — muitas com 5 a 10 mil habitantes — para adotar liderança, estratégia e controles, e, só então, destravar agendas ambiental e social com qualidade.
“No ESG público, o foco não é o financeiro. É gerar valor público para a sociedade”, cravou.
Quando a governança abre a porta do investimento: o caso Arinos (MG)
Para “sair da teoria”, Cristiane contou o case de Arinos (MG). Há duas gestões, a prefeitura “sucateada” buscou a mentoria gratuita do Programa Nacional em Governança Pública da RGB — iniciativa que, desde 2021, já atendeu quase 400 prefeituras.
“O prefeito pediu o pacote básico: governança, estratégia, gestão de riscos e compliance”, lembrou.
Com política de governança implementada e documentada, a cidade de 15 mil habitantes se credenciou a disputar um investimento internacional para um parque de energia fotovoltaica.
“Arinos concorreu com capitais. Venceu porque provou integridade, controles e capacidade de execução”, disse Cristiane.
Resultado: R$ 2 bilhões confirmados, empregos sobrando, jovens retornando, autoestima comunitária em alta — e a reeleição do prefeito.
“Pequenos ajustes de governança mudam a curva de futuro de um município”, resumiu.
Decretos, índices e a lei que falta: rumo à institucionalização
Cristiane também abordou o vácuo normativo na federação.
“Hoje, a governança pública tem um decreto no âmbito federal. Desde 2017, batalhamos pelo PL da Governança para que todas as instituições públicas adotem boas práticas por força de lei”.
O avanço, avalia, cria legado de longo prazo e dá previsibilidade a gestores, investidores e cidadãos.
“O IESGO já induz melhorias; a lei consolida o caminho”.
Voluntariado técnico e ESG público como política de Estado
A presidente credita à rede de 600+ voluntários — especialistas em governança e ESG — a capilaridade que tornou possível a mentoria gratuita a centenas de prefeituras.
“Organizar liderança, estratégia e controle é a base. Com a casa arrumada, o ambiental e o social deixam de ser discurso e viram entrega”.
E reforçou o convite:
“Prefeitos e equipes, conheçam o nosso programa. Há uma metodologia prática para sair do zero e destravar projetos”.
Contexto do evento
O Global Meeting – Circuito COP30 é uma realização do Instituto Global ESG, em parceria com a Embrapa e o Grupo R2. Conta com patrocínio da Caixa Econômica Federal, fomento do Grupo Arnone e apoios interinstitucionais de órgãos públicos, empresas, movimentos sociais e instituições científicas. Integra a agenda preparatória rumo à COP30 (Belém, 2025), consolidando o Brasil como protagonista em economia circular, cadeias produtivas sustentáveis, finanças verdes e governança pública.