Emenda de plenário busca dar força de lei ao SICV Brasil como base oficial de dados do ciclo de vida de produtos na Política de Economia Circular

Proposta apresentada pelo deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB/DF) consolida banco de dados do IBICT/MCTI como sistema oficial para informações ambientais e critério em compras públicas sustentáveis

06/09/2025 05h13 - Atualizado há 1 semana

O Congresso Nacional passará a analisar a Emenda de Plenário nº CD254291181400 ao Projeto de Lei nº 1874/2022, que institui a Política Nacional de Economia Circular (PNEC).

Protocolada pelo deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB/DF), a medida altera o artigo 16 do projeto para reconhecer o Banco Nacional de Inventários do Ciclo de Vida (SICV Brasil) como o sistema oficial de armazenamento de dados ambientais no país.

De acordo com o texto, caberá ao Poder Executivo federal reconhecer e manter o SICV Brasil, plataforma já instituída e operacionalizada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), no âmbito do próprio Governo Federal, como referência nacional em dados sobre o ciclo de vida de produtos, baseado em metodologias transparentes e acessíveis, alinhadas aos princípios da ciência aberta e da sustentabilidade.


O parágrafo único da nova redação estabelece que o banco de dados seja utilizado como critério de preferência nas licitações de compras públicas sustentáveis no âmbito federal, além de poder ser ampliado e aperfeiçoado por meio de investimentos públicos e parcerias institucionais.

 


Um ativo público consolidado

Criado em 2016, o SICV Brasil já reúne mais de 200 inventários públicos com dados sobre energia, uso da água, emissões de carbono e outras variáveis ambientais aplicadas à economia brasileira. É hoje o maior repositório da América Latina em seu segmento e uma das principais bases nacionais do mundo, seguindo a metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) reconhecida pela norma internacional ISO 14040.

 

O sistema opera sob os princípios da ciência aberta, garantindo transparência, acesso público e gratuito às informações, o que o torna amplamente utilizado por governos, universidades, empresas e organizações da sociedade civil.

 

 

Justificativa e impacto

Na justificativa da emenda, Rollemberg afirma que a medida é eficiente, estratégica e de baixo custo, uma vez que evita retrabalho institucional, duplicação de estruturas e gastos desnecessários com novas plataformas.

O fortalecimento do SICV Brasil como ferramenta legalmente reconhecida posiciona o país de forma destacada no cenário internacional, promovendo uma agenda de dados ambientais confiáveis, padronizados e interoperáveis, alinhados às melhores práticas globais e às diretrizes ESG”, defendeu o parlamentar.

 

Para o pesquisador Thiago Oliveira Rodrigues, do Ibict/MCTI, a medida tem efeito duplo:

Esse passo é muito importante, tanto para o fortalecimento da Política Nacional de Economia Circular quanto para a consolidação do SICV Brasil como uma referência em informação qualificada sobre o perfil ambiental da economia brasileira. Por consequência, o Ibict também se beneficia, reconhecido como guardião da informação confiável para tomadas de decisão mais sustentáveis.

O vice-presidente do Instituto Global ESG, Sóstenes Marchezine, destacou o valor estratégico da proposta:

A consolidação legislativa do SICV Brasil evita a criação de estruturas paralelas, fortalece um ativo público de excelência e oferece segurança jurídica a governos e empresas na aplicação de critérios de sustentabilidade.

 

Na mesma linha, Ana Clara Moura, relações institucionais do Instituto Global ESG e chefe de gabinete da Frente Parlamentar ESG na Prática (FPESG), ressaltou o avanço institucional:

É uma conquista coletiva, fruto do diálogo entre ciência, parlamento e sociedade civil, que dá mais robustez à Política Nacional de Economia Circular.

 

Já Paola Comin, responsável por relações internacionais do Instituto Global ESG e da FPESG, destacou a dimensão externa:

O reconhecimento legal do SICV Brasil projeta o país como referência em dados ambientais abertos, conectando o Brasil às melhores práticas internacionais.


 

Próximos passos

A emenda encontra-se em fase de apoiamento junto a líderes partidários e demais parlamentares, etapa essencial para ampliar o quórum e garantir sua aprovação. Incorporada ao PL 1874/2022, a medida transformará o SICV Brasil em instrumento legal estruturante da Política Nacional de Economia Circular, assegurando maior integração entre ciência, tecnologia, governança e sustentabilidade.


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