30/11/2023 às 16h31min - Atualizada em 30/11/2023 às 16h31min

Brasil assume a Presidência do G20 nesta sexta-feira (1/12)

É a primeira vez que o país lidera o grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana; site do G20 também será comandado pelo Brasil

Fonte: Minstério da Fazenda
Fonte: Divulgação
O Brasil assume nesta sexta-feira (1º/12) a Presidência temporária do G20, o grupo que reúne as 19 principais economias do mundo, a União Europeia e, a partir deste ano, também a União Africana. O mandato tem duração de um ano e se encerrará em 30 de novembro de 2024. Será a primeira vez que o país ocupa essa posição na história do grupo no formato atual.

Ao longo do mandato, o Brasil organizará mais de 100 reuniões de grupos de trabalho, que serão realizadas tanto virtual quanto presencialmente, e cerca de 20 reuniões ministeriais, culminando com a Cúpula de Chefes de Governo e Estado que será realizada no Rio de Janeiro, entre os dias 18 e 19 de novembro de 2024. No último dia 23 de novembro, durante a reunião de instalação da comissão que organizará os eventos da presidência brasileira, o presidente Lula falou sobre a importância da cúpula.

“Possivelmente esse será o mais importante evento internacional que nós iremos organizar”, disse ele na ocasião. “A gente vai ter uma reunião histórica no país, que espero que possa tratar de assuntos de que nós precisamos parar de fugir, e tentar resolver os problemas. Não é mais humanamente explicável o mundo tão rico, com tanto dinheiro atravessando o Atlântico, e haver tanta gente ainda passando fome.”

O Brasil vai criar duas forças-tarefa no âmbito do G20 para ampliar o combate à desigualdade ao longo da Presidência brasileira: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a Mobilização Global contra a Mudança do Clima.

Eixos 

Durante a 18ª Cúpula de Chefes de Governo e Estado, realizada em setembro em Nova Delhi, na Índia, o presidente Lula lançou os três principais eixos da presidência brasileira do G20: o combate à fome, à pobreza e à desigualdade; as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômico, social e ambiental), e a reforma da governança global.

“Se quisermos fazer a diferença, temos que colocar a redução das desigualdades no centro da agenda internacional”, afirmou o presidente em seu discurso no encerramento da cúpula. “Todas essas prioridades estão contidas no lema da Presidência brasileira: ‘Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável’.”

O desenvolvimento sustentável, que engloba a transição energética e a implementação da economia verde no país, é uma das prioridades brasileiras por representar o principal instrumento de combate às mudanças climáticas. Para o presidente, é um campo em que o Brasil tem tudo para liderar no cenário mundial.

“A transição energética se apresenta para o Brasil como a oportunidade que não tivemos no século 20: a possibilidade de mostrar ao mundo que quem quiser utilizar energia verde para produzir aquilo que é necessário para a humanidade encontrará no Brasil”, disse. “O Brasil é o porto seguro para que as pessoas possam vir, fazer investimentos e fazer com que esse país se transforme em um país definitivamente desenvolvido.”

Por fim, a reforma do sistema de governança internacional, a terceira prioridade brasileira ao longo do ano de mandato, é necessária especialmente para dar aos países em desenvolvimento mais condições de enfrentar a desigualdade, a fome e a mudança climática e buscar um futuro mais justo para suas populações, segundo Lula.

“Queremos maior participação dos países emergentes nas decisões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. A insustentável dívida externa dos países mais pobres precisa ser equacionada. A OMC tem que ser revitalizada e seu sistema de solução de controvérsias precisa voltar a funcionar. Para recuperar sua força política, o Conselho de Segurança da ONU precisa contar com a presença de novos países em desenvolvimento entre seus membros permanentes e não permanentes”, reforçou.

Ações 

A partir desta sexta, o site oficial e as redes sociais do G20 também passarão a ser administradas pelo governo brasileiro. A página estará disponível em três idiomas (português, inglês e espanhol) e vai conter, além de informações sobre o grupo e sua história, detalhes sobre os grupos de trabalho, grupos técnicos, forças-tarefa, reuniões e demais iniciativas da Presidência brasileira do G20.

Além disso, no fim da tarde de sexta-feira, uma projeção será feita no Museu da República, em Brasília, com as principais mensagens da Presidência brasileira do G20. Também haverá, entre os dias 4 e 18 de dezembro, uma campanha de mídia nos aeroportos de Guarulhos (São Paulo), Galeão (Rio de Janeiro) e Juscelino Kubitschek (Brasília), dando as boas-vindas a quem chega ao país.

O G20 

O grupo é formado por África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia, União Europeia e União Africana, que recebeu status de membro na Cúpula de Nova Delhi, em setembro. O G20 responde por cerca de 85% do PIB mundial, 75% do comércio internacional e 2/3 da população mundial.

A atuação do grupo é dividida em duas linhas: a Trilha de Sherpas e a Trilha de Finanças. A Trilha de Sherpas é comandada por emissários pessoais dos líderes do G20, que supervisionam as negociações, discutem os pontos que formam a agenda da cúpula e coordenam a maior parte do trabalho. O sherpa indicado pelo governo brasileiro é o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty.

A Trilha de Finanças trata de assuntos macroeconômicos estratégicos e é comandada pelos ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais dos países-membros. A coordenadora da Trilha de Finanças é a economista e diplomata Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda.

"Nós estamos propondo que o Brasil lidere uma espécie de reglobalização sustentável, do ponto de vista social e do ponto de vista ambiental. Não acontece todo dia de termos a chance de pautar os trabalhos do G20. Temos que usar a oportunidade para avançar a nossa visão para um mundo mais integrado, próspero e generoso, que nos permita realizar as nossas aspirações como sociedade", declarou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

A Trilha de Sherpas é composta por 15 grupos de trabalho, duas forças-tarefa (Para o Lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e Para a Mobilização Global contra a Mudança do Clima) e uma Iniciativa sobre Bioeconomia. Na Financeira, os ministros da área e presidentes dos bancos centrais se encontram ao menos quatro vezes por ano (duas delas paralelamente às reuniões gerais do Banco Mundial e do FMI) e são sete grupos técnicos, além da Força-Tarefa Conjunta de Finanças e Saúde.

“Será uma ocasião ímpar para projetar uma imagem renovada do Brasil e apresentar uma visão de liderança em termos de cooperação internacional e no debate das grandes questões econômicas e sociais", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, durante a cerimônia de instalação da comissão organizadora do G20 no Brasil.

G20 Social 

A sociedade civil também terá ampla participação nos debates ao longo da presidência brasileira. Os 12 grupos de engajamento do G20 Social terão uma página no site do G20 e realizarão eventos paralelos, que culminarão na Cúpula Social do G20, no Rio, às vésperas da Cúpula de Chefes de Estado e Governo, em novembro de 2024. "Nós queremos que a participação social seja um dos legados da Presidência do Brasil no G20, que nunca antes na história da humanidade terá uma participação tão intensa da sociedade nas decisões", explicou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo.

História 

O G20 foi criado em 1999, como uma forma de coordenação entre os países-membros no nível ministerial, após uma sequência de crises econômicas internacionais: a crise do México de 1994, a crise dos Tigres Asiáticos de 1997 (que atingiu especialmente Tailândia, Indonésia e Coreia do Sul), a crise da Rússia de 1998 e, em menor medida, a desvalorização do Real em 1998/99.

Em 2008, no auge da crise causada pela quebra do banco Lehman Brothers, os países fizeram a primeira cúpula de chefes de Estado e governo do G20, em Washington (EUA). Nos dois anos seguintes, as cúpulas foram realizadas semestralmente: em Londres (Reino Unido) e Pittsburgh (EUA) em 2009, e em Toronto (Canadá) e Seul (Coreia do Sul) em 2010. A partir de Paris (França) em 2011, a cúpula passou a ser realizada anualmente, em cidade designada pelo país que ocupa a presidência.

Em 2024, o Brasil sediará a cúpula de chefes de Estado e governo do G20 pela primeira vez, no Rio de Janeiro. O país já organizou uma reunião no nível ministerial em 2008, em São Paulo. 

Fonte: Minstério da Fazenda 
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