Pablo Hernandez de Cos, governador do Banco da Espanha, analisou o impacto das mudanças climáticas no mercado financeiro nacional. No contexto que o Estado espanhol registou seu janeiro mais quente em 63 anos e o período mais seco na Península Ibérica em 1200 anos, o governador, em nota, salienta: " Secas severas e ondas de calor na Espanha podem ter um impacto persistente na solvência dos credores nacionais, ao desacelerar a economia e levar a mais perdas com empréstimos".
Além disso, o governador afirmou que a concretização desses riscos resultaria em uma diminuição de 0,2 pontos percentuais no índice de capital primário dos bancos espanhóis, efeito que se manteria por um período de três anos. Para ele, o cenário climático nacional, também, resultaria em maiores perdas de capital para os bancos, devido a uma menor geração de rendimento líquido junto com uma diminuição das atividades econômicas.
Ademais, o funcionário público previu a possível resposta dos bancos e seus efeitos. Segundo o mesmo, as instituições financeiras reduziram suas carteiras de empréstimo, mitigando o efeito sobre a solvência, mas intensificando o impacto econômico. Em declaração, ele diz: "Em qualquer caso, se as secas e as ondas de calor se tornarem recorrentes, o seu impacto negativo na solvabilidade e na rentabilidade do setor bancário seria maior do que os efeitos de curto prazo identificados nesta análise”.
Ressalta-se que de Cos é membro do Banco Central Europeu (BCE), e sua visão dos efeitos da crise climática no futuro do mercado financeiro europeu afetam diversos países. Por fim, o BCE, no mês passado, anunciou uma política monetária mais verde, em tentativa de mitigar estes futuros impactos.
Com informação de Reuters.