20/04/2024 às 10h52min - Atualizada em 20/04/2024 às 10h52min

No G20, Brasil se engaja na reforma de órgãos multilaterais

Ministro afirma que será apresentado um roteiro para melhorar e deixar mais eficaces estas instituições

Da redação
Diogo Zacarias/MF
“Bancos de desenvolvimento precisam intensificar esforços e trabalhar juntos, de forma eficaz e em escala”, disse o ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, durante reunião ministerial da Trilha de Finanças, realizada em Washington, EUA. O Brasil vai desenvolver um Roteiro do G20 de reformas dos bancos multilaterais, baseado em evidências, para tornar os bancos multilaterais de desenvolvimento melhores, maiores e mais eficazes. No centro do esforço, está a garantia de que o apoio dos bancos vai continuar a ser orientado para as prioridades nacionais de desenvolvimento, proporcionando benefícios concretos aos países favorecidos por seus investimentos.

Em discurso durante reunião de ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais do G20, em Washington, nos Estados Unidos, Haddad afirmou que o grupo está avançando em discussões sobre aumento de capital e um mecanismo de revisão das necessidades de capital dessas instituições.

Segundo ele, após análise de propostas por grupos do G20 e bancos multilaterais, será apresentado um roteiro para tornar essas instituições “melhores, maiores e mais eficazes”.

O documento será submetido para aprovação dos ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais do G20 na reunião de outubro, também em Washington.

Fundadores de instituições resistem


Para Otaviano Canuto, membro sênior do Policy Center for the New South e ex-vice-presidente do Banco Mundial, há um reconhecimento de que a participação dos países-membros deve ser feita para refletir mais a proporção que cada um ocupa no PIB global. No entanto, isso também "impactaria a proporção” dos votos, com um especial avanço da China, o que não é de interesse dos fundadores de tais instituições.

Sobre a relevância do grupo para estas discussões, o pesquisador de organizações internacionais da Universidade de Glasgow Bernhard Reinsberg aponta que "o G20 tornou-se o principal fórum para discutir reformas na arquitetura de desenvolvimento financeiro global”. Ele lembra que o grupo "assumiu as rédeas do G7 na sequência da crise financeira, afirmando ser um órgão de governança global mais inclusivo”. 

"O G20 conta com os países que, em conjunto, representam mais de 85% da produção mundial e, portanto, podem reivindicar ser razoavelmente legítimos”, avalia. Além das principais economias do mundo, o G20 passou a integrar ainda no último ano a União Africana. As dívidas de países do continente são justamente uma das principais questões discutidas quando o tema são os organismos multilaterais.

Canuto lembra que "há uma pressão no G20 para renegociação de dívidas de forma comum, incluindo a China e os países desenvolvidos”. Em resposta à pandemia, o grupo criou um plano coordenado para o alívio da dívida dos países mais pobres denominado Quadro Comum (Common Framework). No entanto, a iniciativa vem sofrendo com dificuldades para agir de maneira conjunta e credores, especialmente a China, muitas vezes negociando de maneira individual.

Sobre a postura do Brasil no encontro, Canuto avalia que o país deverá "seguir buscando algum compromisso” sobre a questão das quotas de participação. Em sua visão, algum meio termo entre o aumento de contribuição de economias emergentes e o reflexo nas votações deverá ser encontrado. Outra postura que ele espera que o Brasil defenda é o aumento do poder de decisão dos países mais pobres, ainda que isto não seja refletido em maiores contribuições por parte deles.

 
 
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