Durante a conferência magna do Global Meeting – Finanças Sustentáveis, realizada no Salão Nobre Kofi Annan, em Brasília, o presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (Fin), Rodrigo Maia, destacou os desafios e as contradições da agenda ESG no Brasil e no mundo. Ex-presidente da Câmara dos Deputados e uma das vozes mais influentes na formulação de marcos regulatórios no país, Maia apresentou uma visão crítica e propositiva sobre o papel do setor financeiro e do poder público na transição para um modelo de desenvolvimento mais sustentável.
“A minha impressão, desde presidente da Câmara, é que o discurso é mais forte do que as ações efetivas, muitas vezes”, afirmou, ao abordar a distância entre as boas intenções e a implementação concreta de práticas ESG nas empresas e nas instituições.
Para Maia, o Brasil vive um momento decisivo, especialmente com a aproximação da COP30, e precisa exercer sua liderança na construção de convergências que garantam desenvolvimento sustentável, inclusão social e transparência.
A conferência percorreu temas centrais como os conflitos entre interesses imediatos e impactos de longo prazo nas decisões ambientais — como a exploração de petróleo no norte do país —, o debate sobre os limites dos programas de transferência de renda, os custos da transição energética e o papel da sociedade e do Estado no seu financiamento.
“Não acho que exista verdade absoluta, eu acho que todos têm razão naquilo que defendem”, ponderou, ao comentar sobre o equilíbrio necessário entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental.
Ao abordar o setor energético, Maia questionou a justiça do modelo atual de subsídios, nos quais a classe média arca com os custos da energia limpa na conta de luz. Defendeu que esse debate deve considerar alternativas mais equitativas, como a destinação de recursos do orçamento público. No mesmo sentido, lembrou a importância da regulação do marco do saneamento, que tramitava no Congresso desde seu primeiro mandato como deputado federal, e que, segundo ele, representa um avanço decisivo para atrair investimentos e garantir segurança jurídica.
Outro destaque da conferência foi a ênfase no potencial brasileiro no mercado de crédito de carbono, cuja boa regulação pode transformar o ativo em uma alavanca de valor e financiamento sustentável.
“Quanto melhor regulado, quanto maior a capacidade do mercado de carbono de ser um ativo que tenha valor, mais fácil será para o setor financeiro colaborar com o seu desenvolvimento”, avaliou.
Rodrigo Maia também chamou atenção para a necessidade de modernização da imagem e da atuação do setor financeiro, afirmando que “por mais que muitos digam que os bancos podem ser conservadores, os bancos são, por definição, uma indústria moderna”, intensiva em tecnologia e inovação. Ele reforçou que a nova identidade da Fin visa refletir essa modernidade e o compromisso com a transformação do país.
O deputado federal Flávio Nogueira, presidente da Frente Parlamentar ESG na Prática, agradeceu a contribuição de Maia e destacou a importância de sua trajetória e liderança para o fortalecimento de políticas públicas sustentáveis.
“Rodrigo Maia é um formulador respeitado, com atuação decisiva em marcos como o do saneamento. Tê-lo conosco neste debate, olhando para o futuro, é motivo de honra”, declarou.
A conferência magna marcou um dos momentos mais densos do Global Meeting – Finanças Sustentáveis, evento que integra o Circuito COP30 e articula instituições públicas e privadas em torno do Programa ESG20+ e do Movimento Interinstitucional ESG na Prática. O evento tem como propósito consolidar o Marco Regulatório do ESG para o Desenvolvimento Sustentável (MRESG) no Brasil.
Saiba mais sobre a Confederação Nacional das Instituições Financeiras (Fin)
A Confederação Nacional das Instituições Financeiras (Fin) representa as principais entidades do sistema financeiro brasileiro, incluindo bancos, cooperativas de crédito, fintechs e fundos de investimento. A instituição atua na formulação de políticas, na interlocução com o poder público e na defesa da modernização regulatória do setor, promovendo o desenvolvimento sustentável, a inovação e a competitividade.
Saiba mais sobre a Medalha Kofi Annan – O Homem do Planeta
A Medalha Kofi Annan é uma honraria concedida pelo Instituto Global ESG a personalidades e instituições que se destacam por seu compromisso com a sustentabilidade, a justiça social e a boa governança. Inspirada no legado do ex-secretário-geral das Nações Unidas, a medalha reconhece ações concretas em prol dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e da construção de um futuro mais justo e equilibrado para as próximas gerações.
Saiba mais sobre o Instituto Global ESG, o Movimento ESG na Prática e o Programa ESG20+
O Instituto Global ESG é uma organização de referência na articulação interinstitucional de políticas e práticas voltadas à sustentabilidade. Por meio do Movimento ESG na Prática e do Programa ESG20+ (2025–2045), promove a integração de atores públicos, privados e do terceiro setor em torno dos 20 Princípios Norteadores do ESG para o Desenvolvimento Sustentável. A iniciativa visa consolidar um marco regulatório robusto e viável, que traduza os compromissos ambientais, sociais e de governança em ações estruturantes para o Brasil.
Assista à conferência magna completa no canal da TV Global ESG
A íntegra da conferência magna de Rodrigo Maia está disponível no canal oficial da TV Global ESG no YouTube. Para acompanhar as reflexões e propostas apresentadas, acesse o vídeo completo em: https://youtu.be/jGlJWhcKGVk?si=YIi1J5_uqYevB4SX