O Brasil continua como líder mundial na utilização de agrotóxicos. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), entre 2019 e 2022 foram liberados em torno de 2.181 novos registros de pesticidas, são, em média, 545 ao ano no Brasil, muitos, proibidos em várias outras nações O país também chegou a aprovar mais de 500 novos registros em 2023. Esses números podem aumentar nos próximos meses, isso porque após 24 anos tramitando no Congresso Nacional, uma nova lei, que estabelece prazos para autorização de novos defensivos agrícolas foi aprovada no Senado em novembro e enviada à sançãopresidencial logo em seguida.
Em uma decisão recente, o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, vetou um dispositivo que centralizaria no Ministério da Agricultura a responsabilidade exclusiva pelo registro de agrotóxicos, abrangendo tanto o controle ambiental quanto o de saúde. Entretanto, a opção ficou por manter o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como partes integrantes deste processo.
O "Atlas dos Agrotóxicos", produzido pela Fundação Heinrich Böll, revela que o Brasil tem estabelecido recordes consecutivos no registro de agrotóxicos desde 2016, totalizando 652 liberações em 2022, incluindo 43 princípios ativos inéditos. Essa tendência destaca a relevância da decisão de Lula em manter a participação do Ibama e da Anvisa no processo de registro, ressaltando a importância da vigilância ambiental e de saúde nesse cenário.
Para o Engenheiro Agrônomo, Carlos Watanabe, os agrotóxicos são um “mal necessário” pois garantem a produção agrícola, causando pragas e doenças que acometem as culturas. No caso, ele cita que é importante a conscientização do produtor para a utilização correta dos pesticidas obedecendo as recomendações do fabricante. Também é importante a fiscalização de produtos contrabandeados e falsificados.
“Precisamos lembrar que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais, temos um clima tropical que favorece a proliferação de pragas e doenças. Nosso clima permite obtermos duas safras anuais; nossa agricultura está cada vez mais consciente; praticando uma agricultura regenerativa, com uso crescente de microorganismos benéficos, fiscalizando o contrabando e a falsificação de produtos”. comenta Watanabe.
O uso excessivo dos agrotóxicos, têm um papel prejudicial à saúde humana, seu uso na agricultura pode apresentar diversos riscos como câncer, alterações neurológicas, lesões no fígado, pele e pulmões, alergias, distúrbios hormonais e no sistema reprodutivo. Estudos sugerem até alterações genéticas e má formação em animais e também podem ocasionar em uma resistência bacteriana.
“É preocupante, mas os agrotóxicos ainda são amplamente utilizados na agricultura e podem estar presentes em vários alimentos, mesmo atendendo a todas as regras. Por isso, é fundamental acompanhar os órgãos reguladores no que se refere à fiscalização e cobrar as autoridades sobre as políticas relacionadas ao uso dessas substâncias”, diz a nutricionista, Geisa Ferreira
Para evitar o consumo de agrotóxicos, a nutricionista sugere o consumo de alimentos produzidos de forma orgânica, conhecidos como agroecológicos, que podem ser encomendados ou comprados diretamente com o agricultor ou feiras orgânicas, conhecer a origem dos alimentos que consome, lavar bem frutas, legumes e verduras e optar por alimentos da estação, pois exigem menos agrotóxicos, além disso, variar a alimentação auxilia na redução a exposição de substâncias substância presente em um único alimento.
“Se possível, cultive seus próprios alimentos, plante em casa utilizando técnicas de agricultura orgânica. Desta forma, você tem controle total sobre o processo de cultivo e pode evitar o uso de agrotóxicos”, finaliza.