Lucas Lima Ianez-Portal Global ESG O Brasil é o 4º maior mercado consumidor de beleza e o 5º maior indústria têxtil do mundo. Só em 2024 chegou a arrecadar U$60 Bi receita com projeção de no “Compound Annual Growth Rate”, (CACR) que é uma importante métrica usada para verificar se um determinado investimento é viável ou não.
Utilizado na análise de empresas, inclusive fazendo parte da realidade das companhias presentes na bolsa de valores, de 24-28: de 4% maior que PIB(2-35%).
No mundo a Receita Global da Moda varia de U$1,7-2,5 Tri e da Beleza U$640Bi.
Mas com todo este mercado de consumo e mudanças continuas, o impacto ambiental dá grande repercussão.
Na moda, é representado de 4-10% de emissões de CO2 globais, resíduos têxteis ocupam 5% do total dos aterros. Sendo um dos maiores na região do Atacama conhecido “lixão da moda” estimava-se que cerca de 59 mil toneladas de roupas chegavam ao lixão no deserto do Atacama anualmente.
Uma solução conveniente, é a substituição por poliéster reciclado. Que reduziria de 30-70% de CO2.
Já no setor da beleza, substâncias químicas não renováveis, de difícil decomposição, como os Micro plásticos que são despejados em toneladas nos rios e oceanos.
Embalagens cosméticas em refil, daria um potencial de redução de 70% emissão do setor.
Mas atualmente muitos consumidores conscientes em 97%, associam moda e seus respectivos impactos ambientais com as mudanças climáticas atualmente. Dos consumidores de beleza, 62% consideram que a sustentabilidade é mais importante que há 2 anos. Sendo que 52% experenciaram greenwashing por marcas de moda um dos setores mais afetados.
No AYA Earth Partners, o primeiro e maior ecossistema dedicado a acelerar a economia regenerativa e de baixo carbono do Brasil, realizou o evento “Moda e Beleza: O Futuro é Sustentável”, que aconteceu na terça-feira, dia 6 de agosto, com a presença de autoridades da indústria têxtil, inovação e sustentabilidade nos setor de moda e beleza.
“A moda é uma indústria de mais de dois trilhões de dólares. Quando começamos a levantar dados sobre a percepção de quem usa produtos de moda e beleza, quase 100% das pessoas entendem que essa é uma indústria que tem um papel muito importante na mudança de comportamento de consumo para um cenário mais carbono neutro,” declara a cofundadora da AYA Earth Partners Patrícia Ellen.
“Esse evento faz parte da nossa missão de juntar cada vez mais setores para gerar iniciativas mais sustentáveis e que considerem uma visão mais sistêmica da produção industrial. Só assim vamos conseguir pensar um futuro melhor para as pessoas, para a economia e para a natureza,” completa.
Nomes como o estilista Alexandre Herchcovitch, a jornalista de moda Daniela Falcão, a especialista em moda sustentável Alexandra Farah e representantes de grandes varejistas nacionais se reuniram para discutir soluções sustentáveis para o setor, que enfrenta desafios como grandes emissões globais de gás de efeito estufa.
A incursão nos estudos sobre reaproveitamento de tecidos norteou o depoimento do estilista Alexandre Herchcovitch durante o primeiro painel. “Acabei me especializando em reaproveitamento de tecidos e materiais, com cortes econômicos ou misturando tecidos e usando materiais que estão estocados há muito tempo.
Tenho falado sobre essas práticas no Brasil inteiro,” compartilhou. “Mas minha maior pergunta é como construir uma marca que seja sustentável do zero. Hoje, o principal desafio para todos nós é dar escala para o upcycling, porque ele é extremamente manual.”
O diretor de sustentabilidade da B3 Cesar Sanches trouxe a perspectiva de quem investe no setor e precisa se atentar para a transparência nos processos. “Quando falamos de meio ambiente, o que mais preocupa investidores é entender a estratégia das empresas, reduzindo o risco de greenwashing.”
Para o Head ESG do Grupo Malwee, Renato Martins: "Quando pensamos no pós-consumo, abordamos no painel de o Fio do Futuro, que consiste em utilizar peças que já tiveram sua vida útil e consequentemente iam para aterro/lixo e elas viram literalmente o fio que se transformam em novas peças."
Ideias e soluções que estão dentro da para o plano 2030 e deixando a economia circular.
O painel também contou com a presença do diretor de ESG do Grupo Malwee Renato Martins, porta-voz do Instituto Focus Têxtil Paulo Cristelli e a gerente de sustentabilidade da C&A Cyntia Watanabe. O bate-papo foi mediadora pela especialista em Desenvolvimento Sustentável e Economia Circular Valesca Magalhães.
"Nós como varejista no setor de moda, temos de promover uma moda com impacto positivo. temos o compromisso de mostrar todos os desafios e oportunidades e estamos trabalhando para promover uma moda estilo e sustentabilidade" palavras de Cyntia da C&A.
A jornalista de moda Alexandra Farah tirou risadas da plateia num segundo painel descontraído, que reuniu nomes como a jornalista e idealizadora da Nordestesse Daniela Falcão, que dialoga com pequenas marcas de moda nordestina, e a já conhecida estilista que trabalha com tingimentos naturais Flavia Aranha. “Existe uma responsabilidade da grande indústria da moda de se reinventar.
O que aprendi com as marcas pequenas do Nordeste é que elas podem ensinar grandes lições sobre sustentabilidade. Uma delas ganhou prêmio por conseguir desperdiçar o menos material possível com corte Audaces e outra reutiliza materiais abandonados em estoque,” contou Daniela.
Já Flavia Aranha compartilhou as experimentações com tingimento natural em sua marca homônima que completa 15 anos de existência. “Recentemente, iniciei uma parceria com a rede Borborema, que é uma cooperativa agroecológica na Paraíba. Estamos falando de política para além da recuperação do solo, porque precisamos recuperar também as mentes e as relações.
Foi difícil o compromisso de compra anual, mas hoje a gente consegue industrializar o tingimento natural. Eu insisti muito que ele fosse 100% natural, porque a indústria nem sempre consegue acompanhar essas metas.”
A diretora da Harper’s Bazar Patricia Carta falou do ponto de vista de veículos que cobrem o setor. “Eu como dona de editora também olho para a responsabilidade das gráficas. Nós trabalhamos apenas com aquelas que tem certificação de reflorestamento. Como veículo, divulgamos e damos voz para eventos como esse, que já estão bem naturalizados entre nós,” afirmou.
O painel também contou com a presença da fundadora da Ziel Natural Cosmetics Ana Koff, a estilista Elis Cardim e a Gerente Regional da Guerlain Viviane Koyama.
Para o ator e empresário - CEO da Tukano cosméticos Sergio Marone: "O futuro é sustentável, por uma questão básica, a indústria da Moda e Beleza, estão tão presentes na sociedade brasileira e temos o compromisso de moldar a cultura sustentável."
O encontro também promoveu um desfile da coleção de jeans com algodão regenerativo e rastreável da varejista C&A e modelos do Instituto Cromossomo 21. As peças possuem certificação Cradle to Cradle®, que observa todos os aspectos da fabricação dos produtos, desde a fonte das matérias-primas, os produtos químicos, a água e energia utilizada na fabricação até as condições sociais na cadeia de valor.
O evento reuniu profissionais de diversos setores de moda e beleza, como estilistas, designers, empresários e investidores interessados em oportunidades econômicas sustentáveis, especialistas e pesquisadores em sustentabilidade.
Alguns dos nomes que marcaram presença foram o CEO da Tukano Sergio Marone, a porta-voz da Systemiq Anna Mortara, o CEO da AYA Earth Partners Eduardo Aranibar e a diretora executiva da Cidade Matarazzo Carolina Friedmann.