11/03/2024 às 14h58min - Atualizada em 11/03/2024 às 14h55min

Modelo “Pratique ou Explique” promove transparência e responsabilidade nas empresas

Alexandre Arnone

Alexandre Arnone

Chairman do Grupo Arnone

Nos últimos anos, a integração dos critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) nas práticas empresariais tornou-se uma prioridade para empresas em todo o mundo. Um modelo emergente que está ganhando destaque na promoção da transparência e responsabilidade corporativa é o "Pratique ou Explique". Este modelo é uma abordagem de autorregulação que desafia as empresas a adotarem práticas sustentáveis e responsáveis ou a justificarem publicamente por que optaram por não implementá-las. Essa abordagem tem o objetivo de promover a transparência, a prestação de contas e o diálogo entre as empresas, investidores e partes interessadas.

Na prática, isso pode incluir a divulgação de dados sobre emissões de carbono, práticas de governança corporativa, diversidade e inclusão, gestão de resíduos, entre outros aspectos. As empresas que já possuem iniciativas ESG robustas podem destacar suas realizações e compromissos, enquanto aquelas que ainda estão em processo de implementação podem compartilhar seus planos e metas.

No entanto, se uma empresa optar por não adotar determinadas práticas ESG, ela é incentivada a explicar claramente os motivos por trás dessa decisão. Isso permite que os investidores e outras partes interessadas compreendam as razões por trás das escolhas da empresa e avaliem seu compromisso com a sustentabilidade do planeta, da comunidade impactada e, por fim, a própria viabilidade dos negócios no longo prazo.

Ao contrário de regulamentações governamentais que impõem requisitos específicos às empresas, o modelo "Pratique ou Explique" é uma abordagem voluntária baseada em princípios de autorregulação e transparência. Isso significa que as empresas não são legalmente obrigadas a adotar essa abordagem, mas são incentivadas a fazê-lo como parte de um compromisso com melhores práticas de governança corporativa.

Além disso, esse modelo estimula o diálogo construtivo entre as empresas e seus stakeholders, promovendo uma cultura de engajamento e colaboração em questões ESG. Os investidores também se beneficiam, pois têm acesso a informações mais detalhadas que lhes permitem tomar decisões de investimento mais informadas e alinhadas com seus próprios valores e objetivos.

Uma boa forma de desmascarar práticas de greenwashing, ou a “maquiagem verde”, é com a real aplicação do Balanço Social e Ambiental, que deve ser feito de forma independente e precisa. Nesse aspecto, não precisamos inventar a roda: o Brasil tem a sua disposição a Norma Brasileira de Contabilidade NBC T 15, um rico documento, pouco conhecido, que estabelece procedimentos para evidenciar de forma clara e objetiva o nível de maturidade das corporações em relação às práticas ESG.
 
Como não há uma entidade específica encarregada de fiscalizar o cumprimento do modelo "Pratique ou Explique", a responsabilidade pela implementação e monitoramento dessa abordagem recai sobre as próprias empresas, investidores e partes interessadas. Daí a importância do diálogo e da colaboração entre o setor público, privado, as entidades do terceiro setor e a sociedade civil para garantir que as políticas adotadas promovam o desenvolvimento sustentável de forma equitativa e inclusiva.
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