O empresário Dan Ioschpe, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como Campeão de Alto Nível do Clima da COP30, realizou nesta quarta-feira, 17 de setembro, a palestra magna de abertura do Global Meeting – Economia Circular e Cadeias Produtivas Sustentáveis, edição especial do Circuito COP30.
O encontro, correalizado pelo Instituto Global ESG, Embrapa e Grupo R2, com patrocínio da Caixa Econômica Federal, fomento do Grupo Arnone e apoio de diversas entidades públicas e privadas, como a Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria-Geral da Presidência da República (CNODS/PR), reuniu lideranças do setor público, privado, terceiro setor e academia, em edição especial no Complexo Na Praia, em Brasília.
A programação também contou com transmissão ao vivo pelo portal Poder360.
O papel do Campeão de Alto Nível
Abrindo sua participação, Ioschpe explicou o papel que assumiu com a nomeação:
“Como Campeão de Alto Nível do Clima da COP30, meu papel é mobilizar empresas, governos subnacionais, instituições financeiras, academia e sociedade civil para ampliarmos e fortalecermos a agenda de ação climática, sua implementação e o atingimento das metas do Acordo de Paris. É um trabalho de articulação e de integração, que busca transformar compromissos em resultados concretos.”
Ele enfatizou que essa função exige capacidade de diálogo amplo e construção coletiva:
“A ação climática não acontece em uma esfera isolada. Precisamos de um esforço coordenado que una o setor produtivo, a ciência, a política e a sociedade. Só assim avançaremos de forma significativa.”
Circularidade como alavanca de desenvolvimento
Ioschpe destacou que a economia circular é uma estratégia central para a transição climática e pode se tornar diferencial competitivo para o Brasil.
“Hoje, aproximadamente 90% dos materiais consumidos são descartados após o uso. Isso precisa mudar. Circularidade não é apenas reciclagem, mas redesign, reuso e inovação. É uma nova lógica de produção e consumo que pode reduzir até 40% das emissões globais e gerar milhões de empregos.”
O executivo ressaltou que o Brasil tem condições de liderar essa transformação:
“Temos abundância de recursos naturais, capacidade tecnológica e cadeias produtivas robustas. Se conseguirmos alinhar circularidade, inclusão social e investimentos sustentáveis, o Brasil será referência global.”
ESG como ponte entre setores
Ao situar o ESG como elo entre circularidade, cadeias produtivas e finanças sustentáveis, Ioschpe frisou que a agenda deve ser vista como vetor de inovação e competitividade.
“O ESG ajuda a nos guiar nessa travessia. Ambientalmente, orienta empresas a reduzir emissões e promover eficiência; socialmente, garante uma transição mais inclusiva, expandindo cadeias de valor e fortalecendo comunidades; e, na governança, promove transparência e responsabilidade corporativa. Essa combinação atrai investimentos, dá viabilidade e acelera a alocação de capital em escala.”
Ele também destacou que modelos circulares bem estruturados, com métricas claras e impacto mensurável, podem se tornar um dos investimentos mais atraentes do mercado.
“A perspectiva de um futuro mais sustentável é um grande atrativo para investidores. Quando conseguimos mostrar métricas de impacto e retorno, criamos um ciclo virtuoso em que o capital financia a transição e a transição gera novas oportunidades de capital.”
COP da Implementação
Ioschpe afirmou que a COP30 será a conferência da implementação, marcada por um mutirão global para transformar compromissos em prática.
“A agenda de ação climática que estamos construindo juntos é um instrumento que transforma promessas em resultados concretos. Ela está ancorada no Global Stock Take, nossa bússola para o atingimento das metas do Acordo de Paris.”
Segundo ele, a economia circular conecta ao menos três eixos estratégicos da agenda da COP30: energia, indústria e transporte; agricultura e sistemas alimentares; e cidades resilientes.
“Mais do que reduzir emissões, a circularidade cria inovação, competitividade e prosperidade compartilhada. É uma visão de regeneração e colaboração que pode marcar a próxima década do Acordo de Paris.”
Em sua fala final, reforçou a dimensão coletiva do desafio:
“Nenhum governo, nenhuma empresa, nenhum ator isolado conseguirá avançar sozinho. A agenda climática é, por natureza, um esforço colaborativo. E é nesse espírito que me coloco para atuar como Campeão de Alto Nível do Clima da COP30: unindo atores, somando esforços e acelerando soluções.”
Reconhecimento nacional e internacional
A nomeação de Dan Ioschpe como Campeão de Alto Nível foi saudada por autoridades nacionais e internacionais. O presidente-designado da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, afirmou que sua experiência será “fundamental para articular prioridades brasileiras com a ação do setor privado”. Para a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, o executivo representa “a força da indústria brasileira” e poderá contribuir para “uma ação climática mais integrada e justa”.
O secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, ressaltou: “Sua experiência será crucial para unir os principais atores e fortalecer os esforços voluntários do setor privado, mantendo viva a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C.”
De Baku a Belém
Ioschpe divide o mandato com Nigar Arpadarai, Campeã de Alto Nível da COP29, em Baku, que celebrou a parceria: “Estou animada para construir uma colaboração sólida e impactante com Dan Ioschpe, do caminho de Baku até Belém. Só com esforço coletivo poderemos acelerar a transição para um futuro mais saudável, seguro e próspero.”
Plataforma de conexão
O Global Meeting consolidou-se, assim, como uma das principais plataformas de conexão do ESG com a COP30, na atuação de Dan Ioschpe como Campeão de Alto Nível do Clima, reforçando o protagonismo brasileiro na preparação para a conferência que será sediada em novembro, em Belém (PA). A edição especial realizada no Complexo Na Praia permanece disponível em acervo aberto, com acesso à transmissão registrada pelo Poder360.