Espaços públicos de qualidade podem ser capazes de mudar o paradigma das fronteiras como “barreiras”, transformando essas regiões em lugares de encontro e celebração da diversidade cultural. Foi com esse mote que o projeto Conexões Urbanas lançou, na última sexta-feira (26), o Relatório de Avaliação e Desenho de Espaços Públicos na Fronteira Brasil-Paraguai.
A publicação apresenta as soluções propostas por 24 crianças de 8 a 13 anos de Foz do Iguaçu e Ciudad del Este para requalificar espaços públicos próximos às suas escolas, promovendo uma maior coesão social entre diferentes nacionalidades. Os resultados foram obtidos em oficinas de Desenho de Espaços Públicos, metodologia aplicada pela equipe do projeto em duas escolas da região. A partir das maquetes realizadas pelas crianças, o projeto elaborou projetos arquitetônicos que foram compartilhados com as prefeituras locais.
O resultado está disponível online.
As oficinas foram realizadas em agosto de 2023 na Escola Municipal Olavo Bilac e na Escuela Nuestra Señora del Huerto, nas quais os alunos projetaram uma maquete defendendo as intervenções que queriam nos espaços públicos. Os resultados propostos priorizam espaços de integração entre a população local, promovendo o acolhimento e a coesão social entre pessoas de culturas e nacionalidades diversas.
A coordenadora local do projeto, Camilla Almeida, ressalta que os resultados refletem a premissa de integração e coesão social do projeto:
"Foram dois anos de trabalho em cidades nas quais é nítida a convivência de pessoas de diferentes nacionalidades. Entendemos que os espaços públicos desempenham um papel importante para fortalecer esse senso de comunidade, em especial entre as crianças".
Na última sexta-feira, o lançamento online da publicação contou com a participação de diversos parceiros do projeto, incluindo o Governo do Paraná, com representantes da Secretaria das Cidades e da Superintendência Geral de Desenvolvimento Econômico e Social, e da Prefeitura de Foz do Iguaçu.
"Foz não é apenas a cidade mais populosa das fronteiras do Brasil: ela é também a mais diversa", pontuou o prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro. "Temos cerca de 900 crianças de diversas origens estudando em nossas escolas, que recebem um processo de inclusão e acolhimento muito grande. É extremamente relevante que nós consigamos colocar em prática uma ação como essa, que leva cidadania, integração e, acima de tudo, um espaço de convivência entre diversas origens. Nossa cidade representa muito bem essa harmonia de viver na diversidade", complementou.
O representante da Secretaria das Cidades do Governo do Paraná, Geraldo Farias, apontou que a parceria entre o ONU-Habitat e o Governo do Paraná reforça as ações em prol dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis), 16 (Paz, Justiça e Instituições Eficazes) e 17 (Parcerias e Meios de Implementação), além da premissa da Nova Agenda Urbana que se compromete a criar cidades para todas as pessoas:
"Nesse trabalho, se comprova a busca dessa cidade sustentável, recepcionando imigrantes e tornar essas cidades igualitárias e inclusivas".
"Foz do Iguaçu é uma cidade culturalmente enriquecedora, que ganha ainda mais força quando é vista como parte da tríplice fronteira. Ela vem desenvolvimento um trabalho de suporte, apoio e oferta de serviços a imigrantes. O projeto Conexões Urbanos vem como um incentivo para que haja ainda mais investimento e atenção para concretizar projetos nessa área", pontuou a assessora de Projetos Internacionais da Superintendência Geral de Desenvolvimento Econômico e Social do Governo do Paraná, Inglid Brunismann.
O lançamento com parceiros do Paraguai foi realizado na quinta-feira (25), e contou com representantes da Prefeitura de Ciudad del Este.
Além da metodologia de Desenho de Espaços Públicos, o relatório também compila os resultados da Avaliação de Espaços Públicos, realizada na região em 2022. O trabalho foi fruto da análise de leis e planos locais, assim como da coleta de informações em visitas de campo e entrevistas com informantes-chave da população.
A metodologia prevê sete dimensões a serem avaliadas em um espaço público:
O projeto avaliou 48 espaços públicos em diversas áreas das duas cidades, englobando parques, praças e instalações esportivas. Os resultados destacam quais aspectos são prioritários para melhorar os espaços públicos avaliados e quais áreas da cidade demandam a implantação de novos espaços.