A vila Arumã, no município de Beruri, no interior do Amazonas, viveu um cenário de destruição e luto no último fim de semana, quando um deslizamento de terra arrastou mais de 40 casas para o rio Purus, que banha a localidade.
O que poucos sabem é que esse desastre poderia ter sido evitado, pois as autoridades já tinham conhecimento do risco desde 2014. Um documento do Serviço Geológico do Brasil (SGB), vinculado ao Ministério de Minas e Energia, revelou a existência de uma “cicatriz” de cerca de 90 metros no solo do povoado, indicando um processo de deslocamento de massa em andamento.
A foto abaixo, tirada na época, mostra a área em vermelho onde havia perigo de desabamento e soterramento.
A foto faz parte de um levantamento do SGB sobre áreas de alto risco e muito alto risco de enchentes e movimentos de terra em Beruri.
O relatório foi elaborado com o acompanhamento da Defesa Civil local e está disponível para consulta pública no site do SGB.
O Amazonas tem 361 áreas consideradas como de risco hidrológico e geológico.119 delas estão relacionadas ao fenômeno das “terras caídas”, incluindo Beruri.
Os deslizamentos de terra são fenômenos comuns na Região Norte, conhecidos como “terras caídas”.
Eles são causados pela ação da água nas margens dos rios, que provoca a erosão do solo. As áreas afetadas pelos deslizamentos são banhadas por rios e, durante o período das cheias, ficam com o solo muito encharcado.
Nessa época, a água do rio tem um papel importante: é ela que absorve a pressão do solo encharcado.
Quando chega a estiagem, o nível dos rios baixa e a margem se afasta do solo, que ainda não conseguiu drenar a água da temporada de cheias. O solo pesado não suporta e a terra desmorona, levando junto tudo o que estiver no caminho.