A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou no Global Meeting – Circuito COP30, em Brasília, que ciência, dados e inovação são a base para uma agricultura de baixo carbono, inclusiva e produtiva. Ela apresentou roadmap com bioinsumos, sistemas integrados e crédito verde, ressaltou o papel do ZARC e defendeu a recuperação de pastagens degradadas como alternativa ao desmatamento. Para Massruhá, o Brasil tem condições únicas de liderar a segurança alimentar global, desde que una produtividade sustentável e inclusão de pequenos e médios produtores — vitrine que será levada à COP30 em Belém.
A noite do Global Meeting – Circuito COP30: Simpósio de Economia Circular e Cadeias Produtivas Sustentáveis, realizado no Complexo Na Praia, em Brasília, foi marcada por uma das falas mais aguardadas da programação: a da presidente da Embrapa, Silvia Massruhá.
Em tom firme e propositivo, ela traçou um panorama do passado, presente e futuro da agricultura brasileira e mostrou como a ciência, os dados e a inovação podem ancorar a transição para uma economia de baixo carbono, com inclusão social e segurança alimentar.
“A Embrapa nasceu há 52 anos com a missão de garantir segurança alimentar e combater a fome no Brasil. Hoje, nosso desafio é ainda maior: precisamos produzir e preservar ao mesmo tempo, levando sustentabilidade 360 graus — econômica, ambiental e social — para milhões de produtores”, destacou.
De Açaí a Zebu: ciência como política de Estado
Silvia lembrou que o êxito da agricultura brasileira não foi obra do acaso, mas resultado de uma estratégia de país baseada em investimento em ciência, inovação e capacitação.
“O sucesso da agropecuária brasileira é fruto de uma visão de longo prazo: investir em pesquisa, formar pesquisadores e transferir conhecimento para os 5 milhões de produtores rurais — pequenos, médios, grandes e comunidades tradicionais”, disse.
A presidente reforçou que a Embrapa atua em todas as agriculturas do país, “literalmente de Açaí a Zebu”, cobrindo um leque que vai da agricultura familiar ao agronegócio empresarial, sempre com foco na produtividade sustentável e na soberania nacional.
Roadmap da agricultura de baixo carbono
A executiva apresentou um plano detalhado de como transformar ciência em prática no campo:
“A agricultura precisa ser resiliente às mudanças climáticas e preditiva. Para isso, estamos organizando um roadmap que alia tecnologia, políticas públicas e instrumentos financeiros”, explicou.
ZARC: ciência que reduz risco e custo
Um dos exemplos mais emblemáticos é o Zonamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), que há 25 anos orienta o plantio de 44 culturas em 5 mil municípios. A ferramenta, que cruza diversas bases de dados climáticos e agrícolas, passou a ser obrigatória no Plano Safra 2025, tanto para a agricultura empresarial quanto para a familiar.
“O ZARC subsidia crédito e seguro rural, reduz risco para o produtor e para o sistema financeiro. É ciência transformada em política pública, gerando segurança e previsibilidade”, destacou.
Pastagens degradadas: produzir sem desmatar
Silvia apresentou também os resultados do programa Caminho Verde Brasil, que mapeou 160 milhões de hectares de pastagens, dos quais 40 milhões têm aptidão agrícola e podem ser recuperados para uso produtivo.
“Podemos replicar em 10 anos o avanço de 50 anos, intensificando a produção sem derrubar uma única árvore”, afirmou, defendendo a intensificação sustentável como caminho estratégico para o país.
Brasil, protagonista alimentar do mundo
Segundo dados da ONU, a produção de alimentos no mundo deve crescer 70% até 2050, e o Brasil deverá responder por 50% desse incremento. Para Silvia, esse protagonismo vem acompanhado de responsabilidades:
“Sustentabilidade só terá escala se incluir pequenos e médios produtores. Não basta a floresta em pé: precisamos também de pessoas em pé”, reforçou.
COP30: ciência e tecnologia como vitrine do Brasil
Silvia anunciou que a Embrapa terá papel central na COP30, em Belém, com a “Jornada pelo Clima”. Em uma casa da agricultura sustentável, serão apresentados arranjos tecnológicos como:
“Não vamos apenas falar de soluções, vamos mostrar na prática que o Brasil tem ciência, tecnologia e estratégia para ser parte da resposta à emergência climática global”, destacou.
Insights e considerações estratégicas
Contexto do evento
O Global Meeting – Circuito COP30 é uma realização do Instituto Global ESG, do Movimento Interinstitucional ESG na Prática e do Grupo R2, com a correalização da Embrapa. Conta com o patrocínio da Caixa Econômica Federal, o fomento do Grupo Arnone e amplo apoio interinstitucional de entidades públicas e privadas. O encontro integra a preparação para a COP30, que será sediada em Belém (PA), em 2025, consolidando o Brasil como protagonista nas soluções sustentáveis em escala global.