Silvia Massruhá, Presidente da Embrapa, defende agricultura sustentável com ciência, crédito e inclusão rumo à COP30

No Global Meeting – Circuito COP30, presidente da Embrapa reforça o papel do Brasil como protagonista global da segurança alimentar e apresenta roadmap de baixo carbono com foco em ciência, dados, políticas públicas e inclusão socioprodutiva.

20/09/2025 21h26 - Atualizado há 1 mês

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A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou no Global Meeting – Circuito COP30, em Brasília, que ciência, dados e inovação são a base para uma agricultura de baixo carbono, inclusiva e produtiva. Ela apresentou roadmap com bioinsumos, sistemas integrados e crédito verde, ressaltou o papel do ZARC e defendeu a recuperação de pastagens degradadas como alternativa ao desmatamento. Para Massruhá, o Brasil tem condições únicas de liderar a segurança alimentar global, desde que una produtividade sustentável e inclusão de pequenos e médios produtores — vitrine que será levada à COP30 em Belém.

A noite do Global Meeting – Circuito COP30: Simpósio de Economia Circular e Cadeias Produtivas Sustentáveis, realizado no Complexo Na Praia, em Brasília, foi marcada por uma das falas mais aguardadas da programação: a da presidente da Embrapa, Silvia Massruhá.

Em tom firme e propositivo, ela traçou um panorama do passado, presente e futuro da agricultura brasileira e mostrou como a ciência, os dados e a inovação podem ancorar a transição para uma economia de baixo carbono, com inclusão social e segurança alimentar.

 

A Embrapa nasceu há 52 anos com a missão de garantir segurança alimentar e combater a fome no Brasil. Hoje, nosso desafio é ainda maior: precisamos produzir e preservar ao mesmo tempo, levando sustentabilidade 360 graus — econômica, ambiental e social — para milhões de produtores”, destacou.

 

 

De Açaí a Zebu: ciência como política de Estado

Silvia lembrou que o êxito da agricultura brasileira não foi obra do acaso, mas resultado de uma estratégia de país baseada em investimento em ciência, inovação e capacitação.

 

O sucesso da agropecuária brasileira é fruto de uma visão de longo prazo: investir em pesquisa, formar pesquisadores e transferir conhecimento para os 5 milhões de produtores rurais — pequenos, médios, grandes e comunidades tradicionais”, disse.

 

A presidente reforçou que a Embrapa atua em todas as agriculturas do país, “literalmente de Açaí a Zebu”, cobrindo um leque que vai da agricultura familiar ao agronegócio empresarial, sempre com foco na produtividade sustentável e na soberania nacional.


 

Roadmap da agricultura de baixo carbono

A executiva apresentou um plano detalhado de como transformar ciência em prática no campo:

  • Bioinsumos e produtos de base biológica, reduzindo dependência de insumos químicos.
  • Sistemas integrados de produção (como Integração Lavoura-Pecuária-Floresta).
  • Tratamento de resíduos nas propriedades como fonte de eficiência.
  • Parcerias financeiras com Banco do Brasil, Caixa e outros agentes para escalar crédito verde.

 

A agricultura precisa ser resiliente às mudanças climáticas e preditiva. Para isso, estamos organizando um roadmap que alia tecnologia, políticas públicas e instrumentos financeiros”, explicou.

 

ZARC: ciência que reduz risco e custo

Um dos exemplos mais emblemáticos é o Zonamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), que há 25 anos orienta o plantio de 44 culturas em 5 mil municípios. A ferramenta, que cruza diversas bases de dados climáticos e agrícolas, passou a ser obrigatória no Plano Safra 2025, tanto para a agricultura empresarial quanto para a familiar.

 

O ZARC subsidia crédito e seguro rural, reduz risco para o produtor e para o sistema financeiro. É ciência transformada em política pública, gerando segurança e previsibilidade”, destacou.

 

Pastagens degradadas: produzir sem desmatar

Silvia apresentou também os resultados do programa Caminho Verde Brasil, que mapeou 160 milhões de hectares de pastagens, dos quais 40 milhões têm aptidão agrícola e podem ser recuperados para uso produtivo.

 

Podemos replicar em 10 anos o avanço de 50 anos, intensificando a produção sem derrubar uma única árvore”, afirmou, defendendo a intensificação sustentável como caminho estratégico para o país.

 

Brasil, protagonista alimentar do mundo

Segundo dados da ONU, a produção de alimentos no mundo deve crescer 70% até 2050, e o Brasil deverá responder por 50% desse incremento. Para Silvia, esse protagonismo vem acompanhado de responsabilidades:

  • Rastreabilidade e origem dos alimentos como exigência crescente do mercado.
  • Transição energética e adaptação climática como condição para competir globalmente.
  • Inclusão socioprodutiva e digital de pequenos e médios produtores, para evitar a ampliação do gap em relação aos grandes.

 

Sustentabilidade só terá escala se incluir pequenos e médios produtores. Não basta a floresta em pé: precisamos também de pessoas em pé”, reforçou.

 

 

COP30: ciência e tecnologia como vitrine do Brasil

Silvia anunciou que a Embrapa terá papel central na COP30, em Belém, com a “Jornada pelo Clima”. Em uma casa da agricultura sustentável, serão apresentados arranjos tecnológicos como:

  • Pavilhão da Sociobiodiversidade;
  • Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF);
  • Sisteminha para pequenos produtores.

 

Não vamos apenas falar de soluções, vamos mostrar na prática que o Brasil tem ciência, tecnologia e estratégia para ser parte da resposta à emergência climática global”, destacou.

 

 

Insights e considerações estratégicas

  • Métrica antes do dinheiro: dados como o ZARC reduzem risco e atraem crédito verde.
  • Produzir mais sem desmatar: conversão de pastagens é o “atalho” brasileiro para intensificação sustentável.
  • Inclusão como condição de escala: sem pequenos e médios, não há transição justa.
  • Demonstração prática na COP30: legitima o Brasil como vitrine global de soluções agroambientais.

 

Contexto do evento

O Global Meeting – Circuito COP30 é uma realização do Instituto Global ESG, do Movimento Interinstitucional ESG na Prática e do Grupo R2, com a correalização da Embrapa. Conta com o patrocínio da Caixa Econômica Federal, o fomento do Grupo Arnone e amplo apoio interinstitucional de entidades públicas e privadas. O encontro integra a preparação para a COP30, que será sediada em Belém (PA), em 2025, consolidando o Brasil como protagonista nas soluções sustentáveis em escala global.


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