No Global Meeting – Circuito COP30: Simpósio de Economia Circular e Cadeias Produtivas Sustentáveis, realizado no Complexo Na Praia, em Brasília, o superintendente nacional de negócios de impacto e sustentabilidade da Caixa Econômica Federal, Rogério Saab, apresentou a estratégia do banco para finanças sustentáveis.
“A sustentabilidade não é uma agenda acessória, mas o nosso core business. Não há como falar de futuro sem colocar risco, retorno e impacto na mesma equação”, afirmou Saab.
Divergindo de uma visão clássica de Milton Friedman — de que a função social da empresa era apenas gerar lucro —, o executivo ressaltou que as instituições financeiras precisam assumir responsabilidades diretas diante dos limites planetários.
Estrutura inédita e Agenda 2030 própria
A Caixa é o único banco brasileiro com uma vice-presidência exclusiva de Sustentabilidade e Cidadania Digital, o que reflete a centralidade do tema na estratégia institucional.
Segundo Saab, a Agenda 2030 da Caixa foi desenhada para atuar em três grandes públicos:
Três frentes de finanças sustentáveis
A área de negócios de impacto da Caixa estruturou sua atuação em três eixos complementares:
“Se antes falávamos em rentabilidade e depois em risco-retorno, agora o futuro exige que falemos de risco-retorno-impacto. Impacto não é retórica: é a intencionalidade de resolver problemas socioambientais”, destacou Saab.
Cidades resilientes e base de carbono
Entre as ações em andamento, Saab apresentou um convênio com a USP para construir a linha de base das emissões de carbono do setor habitacional brasileiro.
“Não há como falar em cidades resilientes sem medir a pegada de carbono do nosso método construtivo. Estamos criando a referência nacional para que possamos planejar de forma efetiva”, explicou.
Inclusão e transição justa
Saab enfatizou que a COP30, em Belém, será o palco para consolidar a agenda da transição justa:
“A Caixa é um banco urbano, que tem nas pessoas seu foco central. É por isso que estruturamos nossa estratégia sob o guarda-chuva da transição justa: desenvolvimento que não exclui, que inclui catadores, quilombolas, indígenas, comunidades urbanas e periurbanas.”
Gargalo: não faltam recursos, mas projetos
O superintendente deixou claro que o maior desafio não está na captação de recursos:
“Capital existe em abundância — multilaterais e fundos soberanos querem investir. O que falta são projetos qualificados. Por isso, convocamos empresas privadas e sociedade civil a apresentarem propostas concretas, porque dinheiro não é o problema: precisamos transformar recursos em impacto real.”
Exemplo disso é a possibilidade de combinar recursos do Ecoinvest, proveniente do Tesouro Nacional, com aportes de bancos multilaterais, criando condições de escala para projetos que unam impacto social e retorno econômico.
Reconhecimento e colaboração institucional
Saab ressaltou o orgulho de dividir espaço com Banco do Brasil e Embrapa, instituições que também têm papel central na sustentabilidade brasileira:
“Podemos até ser concorrentes em alguns segmentos, mas aqui somos parceiros. O Brasil precisa de instituições públicas fortes, alinhadas e colaborativas para mostrar ao mundo que a transição justa é possível.”
Considerações estratégicas