Rogério Saab destaca sustentabilidade como core business da Caixa e convoca setor privado a apresentar projetos de impacto rumo à COP30

Superintendente Nacional de Negócios de Impacto e Sustentabilidade da Caixa reforça que o desafio não é captar recursos, mas desenvolver projetos robustos. Banco se prepara para a COP30 sob o conceito de “transição justa”, com foco em pessoas, cidades resilientes e cadeias produtivas de baixo carbono.

20/09/2025 20h56 - Atualizado há 1 mês

No Global Meeting – Circuito COP30: Simpósio de Economia Circular e Cadeias Produtivas Sustentáveis, realizado no Complexo Na Praia, em Brasília, o superintendente nacional de negócios de impacto e sustentabilidade da Caixa Econômica Federal, Rogério Saab, apresentou a estratégia do banco para finanças sustentáveis.

 

A sustentabilidade não é uma agenda acessória, mas o nosso core business. Não há como falar de futuro sem colocar risco, retorno e impacto na mesma equação”, afirmou Saab.

Divergindo de uma visão clássica de Milton Friedman — de que a função social da empresa era apenas gerar lucro —, o executivo ressaltou que as instituições financeiras precisam assumir responsabilidades diretas diante dos limites planetários.

 

 

Estrutura inédita e Agenda 2030 própria

A Caixa é o único banco brasileiro com uma vice-presidência exclusiva de Sustentabilidade e Cidadania Digital, o que reflete a centralidade do tema na estratégia institucional.

 

Segundo Saab, a Agenda 2030 da Caixa foi desenhada para atuar em três grandes públicos:

 

  • Pessoas, com foco em vulneráveis como indígenas, quilombolas e catadores — “Não há economia circular sem os catadores e catadoras”, frisou.
  • Cidades, priorizando habitação, saneamento, infraestrutura e resiliência urbana.
  • Cadeias produtivas, fomentando o desenvolvimento regional e a expansão da economia de baixo carbono.

 

 

Três frentes de finanças sustentáveis

A área de negócios de impacto da Caixa estruturou sua atuação em três eixos complementares:

  1. Fomento com recursos não reembolsáveis, destinados a projetos socioambientais inovadores.
  2. Emissão de dívida e equity, que está em fase de estruturação para ampliar a captação junto a investidores.
  3. Crédito direcionado a negócios de impacto, promovendo acesso a financiamento para empresas e organizações alinhadas à transição justa.

 

Se antes falávamos em rentabilidade e depois em risco-retorno, agora o futuro exige que falemos de risco-retorno-impacto. Impacto não é retórica: é a intencionalidade de resolver problemas socioambientais”, destacou Saab.

 

 

Cidades resilientes e base de carbono

Entre as ações em andamento, Saab apresentou um convênio com a USP para construir a linha de base das emissões de carbono do setor habitacional brasileiro.

 

Não há como falar em cidades resilientes sem medir a pegada de carbono do nosso método construtivo. Estamos criando a referência nacional para que possamos planejar de forma efetiva”, explicou.

 

 

Inclusão e transição justa

Saab enfatizou que a COP30, em Belém, será o palco para consolidar a agenda da transição justa:

 

A Caixa é um banco urbano, que tem nas pessoas seu foco central. É por isso que estruturamos nossa estratégia sob o guarda-chuva da transição justa: desenvolvimento que não exclui, que inclui catadores, quilombolas, indígenas, comunidades urbanas e periurbanas.

 

Gargalo: não faltam recursos, mas projetos

O superintendente deixou claro que o maior desafio não está na captação de recursos:

 

Capital existe em abundância — multilaterais e fundos soberanos querem investir. O que falta são projetos qualificados. Por isso, convocamos empresas privadas e sociedade civil a apresentarem propostas concretas, porque dinheiro não é o problema: precisamos transformar recursos em impacto real.

 

Exemplo disso é a possibilidade de combinar recursos do Ecoinvest, proveniente do Tesouro Nacional, com aportes de bancos multilaterais, criando condições de escala para projetos que unam impacto social e retorno econômico.

 

 

Reconhecimento e colaboração institucional

Saab ressaltou o orgulho de dividir espaço com Banco do Brasil e Embrapa, instituições que também têm papel central na sustentabilidade brasileira:

 

Podemos até ser concorrentes em alguns segmentos, mas aqui somos parceiros. O Brasil precisa de instituições públicas fortes, alinhadas e colaborativas para mostrar ao mundo que a transição justa é possível.

 

Considerações estratégicas

  • A Caixa reposiciona o ESG como core business, institucionalizando-o com uma vice-presidência exclusiva.
  • O banco aposta em finanças de impacto estruturadas em três frentes (fomento, dívida/equity, crédito).
  • A estratégia prioriza pessoas vulneráveis, cidades resilientes e cadeias produtivas de baixo carbono.
  • Há convênios técnicos para criar métricas inéditas (como a base de carbono na construção).
  • O foco é na transição justa rumo à COP30, garantindo inclusão social ao mesmo tempo em que promove a descarbonização.
  • O desafio é gerar projetos qualificados, e não captar recursos — abrindo espaço para um chamado público ao setor privado.


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