Brasília foi palco de uma reflexão política e estratégica no Global Meeting – Circuito COP30: Simpósio de Economia Circular e Cadeias Produtivas Sustentáveis, realizado no Complexo Na Praia e transmitido pelo Poder360 e pela TV Global ESG.
O deputado federal Flávio Nogueira, presidente da Frente Parlamentar ESG na Prática (FPESG) e secretário de Inovação Legislativa da Câmara dos Deputados, afirmou que a agenda ESG no Brasil só avançará de forma sólida se estiver apoiada em governança democrática, previsibilidade institucional e capacidade de transformar ciência em políticas públicas concretas.
“A Constituição é um pacto social. Sem confiança nas instituições, não há programa ESG que se sustente”, destacou.
Para o parlamentar, a pacificação política é um pré-requisito para destravar investimentos e dar credibilidade às políticas públicas.
“A polarização atrapalha o Brasil. Somente quando as regras são respeitadas e as instituições fortalecidas é que conseguimos estabilidade e previsibilidade para avançar em programas que o mundo inteiro está implementando.”
Transição energética: gargalo não é geração, mas transmissão
Nogueira reforçou o potencial limpo da matriz energética brasileira, baseada em hidrelétricas, solar e eólica, mas apontou a urgência de investimentos em infraestrutura de transmissão.
“No Piauí, temos excesso de geração de energia solar e eólica, mas falta linha de transmissão. Sem isso, toda a energia produzida se perde. É hora de financiar essa expansão e transformar excedente em competitividade para o Brasil.”
Segundo ele, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal devem exercer protagonismo no financiamento de projetos estruturantes.
“Essas instituições são fundamentais para viabilizar transmissão, logística e inovação. Precisamos de crédito competitivo e estratégico, alinhado à sustentabilidade.”
Governança pública, saúde e sustentabilidade
Ao relacionar ESG à gestão pública, o deputado lembrou que sustentabilidade também passa pela eficiência em saúde e saneamento
“Dengue não é mistério científico; é governança. Não faz sentido ver tuberculose e outras doenças recrudescerem. Sustentabilidade exige gestores comprometidos e capazes de entregar.”
Ele citou ainda discussões no âmbito do BRICS, que têm conectado saúde pública e sustentabilidade.
“Os países estão atentos a esse vínculo. Sem saúde pública eficiente, não há desenvolvimento sustentável possível.”
Ciência, agro e inovação nacional
Nogueira destacou o papel da Embrapa na transformação agrícola do Piauí, última fronteira do cerrado.
“Quem fez a mudança das sementes e tornou possível a adaptação do solo foi a ciência da Embrapa. Esse é o bonde que não podemos perder. Ciência e pesquisa são a base do agro sustentável.”
O parlamentar também defendeu investimentos em infraestrutura ferroviária, criticando a carência de modais no país:
“O Brasil precisa construir muitas ferrovias para reduzir custos logísticos e tornar nossa produção mais competitiva e menos poluente.”
Inovação cívica: PIX e urnas eletrônicas como patrimônios nacionais
Para o deputado, exemplos de inovação já existentes provam a capacidade do país de criar soluções sustentáveis e inclusivas.
“PIX e urnas eletrônicas são patrimônios nacionais. O PIX colocou um instrumento poderoso na mão do povo mais pobre, democratizando o acesso financeiro. E as urnas eletrônicas, apesar de todos os testes, nunca mostraram fraude. São orgulho brasileiro, admiradas no mundo inteiro.”
Inclusão e protagonismo feminino
Em sua fala, Nogueira também fez questão de registrar o papel das mulheres na agenda.
“Olhem ao redor: aqui há mais mulheres do que homens, e isso é empoderamento real. Temos mulheres liderando no Banco do Brasil, na Embrapa e já na presidência da Caixa Econômica. Isso mostra que a sustentabilidade também é sobre igualdade de oportunidades.”
Contexto institucional do evento
O Global Meeting – Circuito COP30 é uma realização do Instituto Global ESG, em parceria com a Embrapa e o Grupo R2. Conta com o patrocínio da Caixa Econômica Federal, o fomento do Grupo Arnone e apoios interinstitucionais de órgãos públicos, empresas, movimentos sociais e instituições científicas. O simpósio integra a agenda preparatória da COP30, em Belém (2025), consolidando o Brasil como protagonista em economia circular, cadeias produtivas sustentáveis e governança climática.