Caixa apresenta podcast especial com o Conselheiro Guilherme Guimarães Feliciano (CNJ) - Aquecimento Global Meeting - Circuito COP30

Judiciário como vetor da transição: neutralidade de carbono até 2030, economia circular, trabalho decente e proteção intergeracional pautam episódio da #TVGlobalESG

13/09/2025 10h30 - Atualizado há 6 horas

Caixa apresenta podcast especial com o Conselheiro Guilherme Guimarães Feliciano (CNJ) - Aquecimento Global
Nicolas Reith

A Caixa Econômica Federal lançou um episódio especial do podcast ESG na Prática com o conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Guilherme Guimarães Feliciano, presidente da Comissão Permanente de Sustentabilidade e Responsabilidade Social do Poder Judiciário.
 

Gravado em Brasília e mediado por Sóstenes Marchezine, vice-presidente do Instituto Global ESG, o diálogo percorre os marcos normativos recentes do CNJ, os desafios de implementação nos 91 tribunais, a virada para a economia circular com justiça social e a centralidade do princípio da proteção intergeracional — agenda que se conecta à COP30 e ao Global Meeting – Circuito COP30 (edição especial em 17 de setembro, no Complexo Na Praia, Brasília).

 

 

O Judiciário que “arrasta pelo exemplo”

No eixo institucional, Feliciano defende que o Poder Judiciário não apenas regulamente e julgue, mas “arraste pelo exemplo” ao incorporar metas robustas, governança e transparência:

 

A fala convence, mas o exemplo arrasta. O Judiciário tem a obrigação de dar exemplo ao país.” — Guilherme G. Feliciano

 

— Neutralidade de carbono até 2030: segundo o conselheiro, a Resolução 594, aprovada sob a presidência do ministro Luiz Roberto Barroso, fixa compromisso normativo para que todos os tribunais se tornem neutros em emissões até 2030, por redução e/ou compensação (inclusive via mercado de carbono).

— Política de Sustentabilidade (Res. 400/2021): estabelece diretrizes para resíduos, contratações sustentáveis e gestão responsável (ambiental, social, cultural e de governança), cujo “espírito” já aponta à lógica da economia circular.

— Dimensão orçamentária: o impacto potencial do sistema é expressivo; Feliciano cita, como referência, o orçamento anual do TJSP (2025) da ordem de R$ 18 bilhões, sinalizando o poder de indução (positivo ou negativo) em energia, saneamento, resíduos e emissões.

 

 

Três desafios estruturantes

Feliciano organiza o diagnóstico em três frentes, combinando cultura institucional, coordenação sistêmica e inovação:

  1. Conscientização interna — “olhar para dentro”:
    hábitos arraigados (como o uso excessivo de papel) exigem auto-reeducação e coerência entre discurso e prática. 
    Falar de sustentabilidade sem hipocrisia é tentar se reeducar, ressignificar hábitos.” — Feliciano
  2. Integração e intercâmbio de boas práticas — superar “ilhas”:
  3. tribunais historicamente elaboravam PLS e comitês sem troca sistemática; a busca por selos e rankings, isoladamente, não pode inibir cooperação.
  4. Inovação viável — além da TI, soluções simples e arranjos econômicos:
    fotovoltaica, logística reversa, reuso e reciclagem demandam investimento e modelos criativos (parcerias, contratos, mecanismos de remuneração por serviço ambiental).

 

 

Rede Nacional de Sustentabilidade e Semanas Regionais

Para “fazer a roda girar sozinha”, o CNJ instituiu a Rede Nacional de Sustentabilidade (Portaria 184), com Comitê Gestor Nacional e cinco comitês regionais (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste).

 

As Semanas Nacionais de Sustentabilidade fomentam intercâmbio e construção de políticas comuns:

  • Nordeste — João Pessoa (TRT-13): 16 e 17 de outubro
  • Sudeste — Campinas (TRT-15; coordenação bienal do TRT-2): 5 e 6 de novembro

 

Economia circular e gestão de resíduos: da hierarquia à prática

 

O episódio alinha a evolução do Plano/Política de Economia Circular à ambição do CNJ e traduz a hierarquia dos resíduos como guia operativo nos tribunais:

  1. Evitar gerar, 2. Reduzir, 3. Reutilizar, 4. Reciclar, 5. Tratar, e só então dispor rejeitos.

— Contratações sustentáveis: preferir bens/serviços de menor impacto e com logística reversa; incluir cláusulas que exijam desempenho ambiental e social aferível.

— Campanha temática:

Começo, meio e recomeço. Uma economia sem fim, uma economia circular.” — Sóstenes Marchezine

 

 

Trabalho decente na cadeia da reciclagem

 

O conselheiro enfatiza que não há sustentabilidade sem trabalho decente. Catadores e cooperativas — que mobilizam milhões de famílias — prestam serviço ambiental e não podem ser remunerados apenas pelo valor do material:

 

Nenhum tribunal será sustentável se estimular trabalho precário. É preciso remunerar o serviço ambiental prestado por catadores e recicladores.” — Feliciano

 

— O que muda nos contratos: cláusulas e métricas que assegurem remuneração justa, direitos básicos e condições de saúde e segurança; auditoria de cadeia e verificação de impacto social.

Resultado esperado: alinhar ambientalmente correto (circularidade) com socialmente responsável (inclusão produtiva e renda digna).

 

 

Proteção intergeracional: do artigo 225 à prática decisória

A perspectiva intergeracional (atuais e futuras gerações) impõe horizonte de 50, 80, 100 anos às decisões públicas e privadas:

 

Sustentabilidade sem perspectiva de futuro não é sustentabilidade, é apenas retórica.” — Feliciano

 

Ao decidir, o juiz não pode pensar só o hoje; precisa ponderar os impactos para o amanhã e o depois.” — Feliciano

 

No plano simbólico e prático, Feliciano traduz o chamado aos líderes:

 

Pense que o que você fizer agora vai afetar a vida do seu filho, do seu neto, do seu bisneto. Não só como um ato de responsabilidade — pense nisso como um ato de amor.” — Feliciano

 

 

Convergência com COP30 e cadeias produtivas sustentáveis

O episódio conecta economia circular, cadeias produtivas e finanças sustentáveis — arcabouço do Global Meeting – Circuito COP30 (co-realização: Instituto Global ESG e Embrapa, parceria Grupo R2).

Fomento: papel de bancos públicos e privados para viabilizar transição tecnológica e modelos de negócio circulares.

Agro e indústria: Embrapa como agente técnico-científico central para cadeias sustentáveis, com métricas de eficiência, rastreabilidade e redução de desperdícios.

 

Serviço — Agenda anunciada no episódio

Audiência pública no CNJ

Crise Climática, Poder Judiciário, Sustentabilidade e Resíduos Sólidos

8 de outubro de 2025, 14h — Plenário do CNJ, Brasília

— Inscrições para apresentação de boas práticas por tribunais, empresas e terceiro setor (presencial e online).

— Expectativa de produto final propositivo (p.ex., Carta de Brasília), com diretrizes para remuneração de serviços ambientais e fortalecimento da circularidade no sistema de Justiça.

 

Seis ideias-força 

  1. Exemplo institucional: neutralidade de carbono até 2030 (Res. 594) e política integrada (Res. 400).
  2. Governo multinível: Rede Nacional de Sustentabilidade (Portaria 184) e Semanas Regionais como hubs permanentes.
  3. Economia circular aplicada: hierarquia de resíduos + contratações sustentáveis com logística reversa.
  4. Trabalho decente: pagar pelo serviço ambiental dos catadores e formalizar salvaguardas sociais na cadeia.
  5. Financiamento da transição: articular bancos, indústria e ciência (Embrapa) para escalar soluções.
  6. Proteção intergeracional: orientar decisões judiciais e políticas públicas pelo horizonte de longo prazo.

 

Assista ao podcast na íntegra, aqui: https://youtu.be/u_Tk3o8c6Yw?si=WhyL3BU7lfOFJnrv


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