Durante o painel de abertura do Global Meeting – Circuito COP30, promovido pela Advocacia-Geral da União (AGU) em parceria com o Instituto Global ESG, o presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal (CRCDF), Darlan Barbosa, destacou a importância da contabilidade na operacionalização das diretrizes da reforma tributária e das agendas ambientais, sociais e de governança (ESG).
Representando também o Conselho Deliberativo da DF-PREVICOM e a classe contábil brasileira, Barbosa afirmou que a contabilidade é a “linguagem dos negócios” e um instrumento essencial para mensurar, evidenciar e assegurar a fidedignidade das informações que fundamentam políticas públicas e decisões empresariais em sustentabilidade.
“Nosso papel é traduzir princípios normativos em práticas efetivas, tornando palpável o que muitas vezes está distante da realidade cotidiana de empresas e governos”, afirmou. O dirigente ressaltou que o Brasil é referência internacional na normatização da sustentabilidade corporativa, citando a NBCT-15, que desde 2004 estabelece diretrizes para o balanço social, e a incorporação das normas internacionais S1 e S2, traduzidas e já em processo de implementação por reguladores como CVM, Banco Central e SUSEP.
Ao abordar os impactos da reforma tributária, Darlan frisou a importância do equilíbrio entre exigências socioambientais e a viabilidade econômica das empresas. “Não se pode perder de vista que sustentabilidade também significa garantir a continuidade dos negócios, que geram empregos, renda e arrecadação. O desafio é grande, mas a contabilidade tem condições de ancorar esse processo com credibilidade e técnica.”
Barbosa também defendeu que o poder público deve liderar pelo exemplo, adotando práticas sustentáveis em suas estruturas administrativas e na formulação de incentivos fiscais e políticas públicas. “O governo precisa mostrar que é possível fazer. Só assim criaremos um ciclo virtuoso de transformação real.”
Segundo ele, o papel dos conselhos de contabilidade e dos profissionais da área é fomentar o debate, capacitar os agentes econômicos e públicos e servir como ponte entre o ideal normativo e a aplicação prática. “O contador é o elo entre as novas exigências da sociedade e os sistemas de gestão das empresas e instituições. Precisamos estar preparados, capacitados e comprometidos com um propósito maior: garantir o futuro das próximas gerações.”
O painel, intitulado Reforma Tributária, Justiça Fiscal e Sustentabilidade: perspectivas ambientais com o imposto seletivo e o Fundo Regional, contou também com a participação do professor Sérgio André Rocha (UERJ), da procuradora da Fazenda Nacional Fernanda Schimitt Menegatti e do advogado Breno Vasconcelos. A moderação foi conduzida por Leila de Morais, chefe de gabinete da AGU.