18/01/2024 às 11h40min - Atualizada em 18/01/2024 às 11h40min

Fórum Econômico Mundial é deixado de lado por Lula e Haddad

Especialistas acreditam no protagonismo climático positivo do Brasil e na força da representação de Marina Silva

Bianca Rocha
Bianca Rocha
Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Fórum Econômico Mundial (FEM), conhecido por reunir os maiores líderes e organizações para a realização de debates sobre a economia mundial, teve início nesta segunda-feira (15), o principal foco do evento está em torno das mudanças climáticas, como apontado em seu relatório publicado na segunda semana de janeiro. O FEM engloba temas como o desafio da Segurança Internacional, Crescimento Econômico Global, Inteligência Artificial, com destaque ao avanço da desinformação  e fake news e Mudanças Climáticas e Energia, como as principais causas dos desafios climáticos ocasionados no planeta.

O evento que acontece em Davos, na Suíça, não contou com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente da República Luís Inácio Lula da Silva. Com a falta, é o segundo ano consecutivo que o presidente não comparece. Celso Amorim, assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República do Brasil, representa o país na cúpula. Apesar da presença de 60 chefes de Estado é possível dizer que o Fórum Econômico Mundial está esvaziado. Isto porque foram anos consecutivos com ausências significativas

O professor de Relações Internacionais da Faculdade Arnaldo Janssen, Vladimir Feijó, lembra que houve ano em que apenas uma liderança de país do G7 esteve presente. Entretanto, a presença da sociedade civil e de empresários tem se ampliado e, com isso, o diálogo entre estes setores para conseguir o engajamento com os tomadores máximos de decisões políticas apresenta crescimento. 

“A decisão do não comparecimento foi tomada levando em consideração fatores domésticos e internacionais. No final, a ideia que prevaleceu é que o país está se reinserido no âmbito internacional, com fortes pontes de diálogos bilaterais e multilaterais e que a ausência neste evento não traria muitos impactos negativos”, enfatiza Feijó. 

Ainda segundo o professor, além do esvaziamento geral do Fórum, já era sabido que haveria uma redução das viagens internacionais da Presidência da República, em parte atendendo à crítica de muitas viagens no primeiro ano de mandato (foram 24 países visitados, mas que resultados em reuniões com 57 chefes de governo ou de Estado, tentando reinserir o Brasil no ambiente internacional, mas que acumulou mais de dois meses fora do país), em parte pelos agendamentos de recepção de autoridades estrangeiras no Brasil (estão agendadas recepção do primeiro Ministro do Japão em janeiro, presidente da França em março, tenta-se uma visita do presidente dos EUA em maio para celebrar 200 anos de relações diplomáticas bilaterais, além da reunião do G20 em novembro), em parte por se tratar de ano eleitoral local que exige mais viagens nacionais. 

“Apesar de críticas à ausência, os representantes da sociedade civil estão menos críticos que em relação à gestão Bolsonaro, de 2019-2022. O governo anterior foi muito pouco transparente e fechou portas de diálogo com a sociedade civil em geral, priorizando apenas grupos de interesse específico que, no caso, são contrários à preservação ambiental”, comenta Feijó. O Brasil tem buscado ao longo dos últimos tempos protagonismo no âmbito ambiental, segundo Joabe Cardoso, secretário geral da Famazonia Foundation, o país apresenta protagonismo positivo nas discussões a respeito das mudanças climáticas e seus rumos. 

“Hoje o protagonismo do país é muito mais passivo. Os olhos estão sobre nós, mas não de maneira cooperativa, tampouco nos enxergando como líderes. O recente fracasso das negociações Mercosul – UE, deixaram claro o que é recebido é exigência e não cooperação. Mesmo distantes, os players globais acreditam na posse da fórmula do desenvolvimento sustentável mesmo que essa equação só veja a luz numa realidade distante deles, sendo apenas teoria em suas dominações”, Joabe Cardoso, secretário geral da Famazonia Foundation.

Recentemente, Ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, defendeu o Brasil como um país soberano, perante John Kerry, Enviado presidencial especial para o clima dos Estados Unidos, que segundo Cardoso, o secretário americano se mostrou surpreso, o que evidencia a visão que o mundo sobre a Amazônia.

“O Brasil precisa de um plano objetivo e não paliativo. O estabelecimento de metas e a forma como serão alcançadas precisa ser descrito, planejado e publicado do começo ao fim. Hoje o quadro que se apresenta com relação às políticas ambientais é extremamente difuso, mal se sabe quem, o quê e como se dá a atuação governamental e a aplicação de medidas efetivas em prol de uma transformação ambiental para a melhor”, comenta Cardoso

Em viagens internacionais, foram agendadas duas viagens para reuniões do Mercosul, no primeiro semestre no Paraguai e no segundo semestre no Uruguai, a reunião da União Africana na Etiópia em fevereiro, a reunião do Caricom em março,  a abertura da Assembleia Geral da ONU, em setembro, a reunião dos BRICS em outubro, e a COP-29 no Azerbaijão.


Marina Silva Instiga Debate em Davos para Romper com Combustíveis Fósseis


Durante sua participação no Fórum Econômico Mundial em Davos, a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reiterou a necessidade de uma transição global para encerrar a dependência econômica de combustíveis fósseis. Destacando a liderança do presidente brasileiro, Luis Inácio Lula da Silva, nesse caminho, ela apontou a contradição em que países continuam subsidiando hidrocarbonetos enquanto lutam contra os efeitos das mudanças climáticas.

Marina enfatizou a postura do Brasil ao negar licença para a exploração de petróleo na foz do Rio Amazônia devido a preocupações ambientais. No entanto, ressaltou que a Petrobras ainda realiza estudos sobre a viabilidade dessa exploração na chamada Margem Equatorial. O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, se limitou a afirmar que a questão compete ao Brasil, focando a atuação da instituição em financiamentos de projetos benéficos para o planeta.

No mesmo painel, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, reforçou seu posicionamento contra a exploração de petróleo na Floresta Amazônica. Enquanto isso, o governador do Pará, Helder Barbalho, destacou a transformação do estado de "vilão" para um ativo crucial na redução das emissões de carbono, no contexto da Amazônia. O debate, mediado por Luciano Huck, evidenciou a complexidade e diversidade de perspectivas sobre a questão ambiental na região.

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