27/04/2024 às 20h00min - Atualizada em 27/04/2024 às 20h00min

Conheça 5 escolas com projetos sustentáveis

Instituições de ensino promovem ações de impacto para alunos, famílias e para a sociedade

João Kerr e Bianca Rocha
João Kerr e Bianca Rocha
Reprodução/ Escola Vereda
A educação é um pilar fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade próspera e sustentável. Dados do relatório Education at a Glance 2021, da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostra que cada ano adicional de escolaridade pode aumentar os ganhos individuais em até 10%. 

Um outro estudo, intitulado Global Education Monitoring Report 2021, destaca como a educação de qualidade é essencial para promover a inclusão social e econômica, fornecendo oportunidades iguais para todos os membros da sociedade. Além dos aspectos econômicos e de saúde, a educação desempenha um papel fundamental no fortalecimento da democracia e na promoção da participação cívica.

No Dia Mundial da Educação, listamos cinco instituições com projetos ESG que impactam seus alunos e a sociedade.

1. Escola particular de São Paulo busca tornar ensino integral de qualidade mais acessível

Fundada em 2017, a Escola Vereda se propõe a viabilizar o ensino integral a um valor atraente. A mensalidade gira em torno de R$1.200,00 e cobre as aulas do período integral, almoço balanceado, lanche saudável e todo o material escolar, sem nenhum acréscimo no valor. 

Arthur Buzatto, presidente e mantenedor da Escola Vereda, entende que o valor não chega a ser barato para a maioria das famílias brasileiras, mas o vê como muito mais acessível do que outras escolas particulares, já que a mensalidade é 70% mais baixa do que outras instituições que oferecem ensino integral.

“Isso resulta em um ambiente variado, em que há alunos que contam com a ajuda de vários membros da família para pagar a mensalidade, como tios e padrinhos. Mas há também alunos que saíram de escolas particulares bem mais caras e estudantes vindos de escolas públicas. Assim, criamos um cenário com muita diversidade, o que é muito interessante”, reflete.

A escola conta com gestores profissionais focados em viabilizar esse modelo. Isso é feito através da contratação de professores 100% dedicados, otimizando o tempo dos profissionais que, em muitos casos, passavam muito tempo em deslocamento.

A Vereda ainda aposta no uso da tecnologia para otimizar os processos administrativos da escola. Porém, na sala de aula, o uso da tecnologia é restrito e supervisionado. “Acredito que o ambiente de ensino tem muito mais a ver com o momento do professor com os alunos”, comenta Buzatto.

Apesar do modelo de negócio disruptivo, o presidente da escola considera o cotidiano simples e atencioso: aulas diárias de inglês, aulas de programação desde o ensino infantil e o trabalho de questões socioemocionais em sala de aula são alguns destaques da grade.

2. Estudantes de escola pública de Sergipe produzem perfumes, maquiagem vegana, adubos orgânicos e até extração de óleos essenciais

 
 

Em 2023, a escola Dom Luciano Cabral Duarte, localizada em Aracaju (SE), desenvolveu um congresso que contou com a apresentação de mais de 155 projetos científicos, onde alunos do Ensino Médio Integral tiveram a oportunidade de desenvolver propostas com foco na sustentabilidade. 

Entre os projetos desenvolvidos estão a produção de perfumes, maquiagem vegana, adubos orgânicos e até mesmo extração de óleos essenciais. Segundo Antonio Hamilton dos Santos, professor e coordenador da escola, o objetivo é provocar discussões atuais e estimular o interesse na iniciação científica no ensino médio. 

Os encontros contaram com minicursos, palestras, atrações culturais e mostra de atividades científicas. Lívia Ribeiro Mendonça, uma das estudantes da escola, afirma que as atividades despertaram nela um senso científico importante. 

"Foi fundamental para meu desenvolvimento como estudante e futura profissional. Por causa das ações que elaboramos, apresentei dois trabalhos no Congresso Nacional de Educação, em João Pessoa, preenchendo meu currículo com novos certificados. Tem sido uma experiência, de fato, muito positiva", diz a estudante.  

Os projetos são recorrentes e os alunos podem sempre mostrar interesse em se candidatar. São mais de 15 temas disponíveis, que vão de Adubos Orgânicos à Programação de Aplicativos, passando por Reaproveitamento de Resíduos e Direitos Humanos.

Os Alunos também expuseram trabalhos no IX Congresso Nacional de Educação (CONEDU), em João Pessoa (PB).

3. Escola de idiomas conecta alunos com atividades sustentáveis
 

A Yázigi promove desde 2019 o programa “Act to Impact”, em que os alunos participam de ações voltadas a questões ambientais e sociais. Todas as iniciativas são baseadas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Em 2023, a primeira fase do programa foi focada na questão ambiental, através de ações de conscientização e destinação correta de resíduos eletrônicos. Mais de 1,6 tonelada deste tipo de resíduo foi coletada nos pontos das escolas Yázigi.

A segunda fase teve foco na parte social. Um programa de conscientização sobre a importância da saúde mental foi lançado para alunos, pais e professores. A iniciativa ainda contou com conteúdo sobre como tornar as escolas emocionalmente seguras.

4. Escola estimula o auxílio de estudantes à população de rua

 

 

A Escola Lumiar Pinheiros, localizada na zona oeste de São Paulo, é um projeto social transdisciplinar com o objetivo de desenvolver nos alunos um olhar sobre os impactos da desigualdade no entorno da escola. O tema da população de rua foi escolhido pelos alunos, porque viam os moradores no caminho que faziam para a escola e não entendiam por que algumas pessoas viviam dessa forma.

“O projeto serve para eles compreenderem que o mundo é muito mais do que o espaço escolar e desenvolverem a consciência de que a desigualdade social é uma realidade, às vezes, bem próxima a nós”, explica Danilo Heitor Vilarinho Cajazeira, mestre de Geografia na Escola Lumiar Pinheiros. 

O projeto reuniu estudantes dos 7º, 8º e 9º ano envolvendo as cinco áreas do ensino: Língua Portuguesa, Geografia, História, Artes e Matemática. Durante o primeiro trimestre, foram coletados dados e ideias para as questões das pessoas em situação de rua, além de visitas e entrevistas com profissionais da área e conscientização da comunidade escolar.

Na primeira fase, os alunos tiveram contato com estruturas públicas de apoio à população de rua, como o centro municipal de apoio, o CRAS, e viram exemplos de grades e objetos para impedir a circulação e permanência da população de rua. No segundo e terceiro trimestres, os estudantes elaboraram um projeto para ajudar a população de rua da região. 

5. Escola pública maranhense ensina alunos a identificarem e preservarem nascentes

 

No Centro Educa Mais Professor Ribamar Torres, escola de Ensino Médio Integral em Pastos Bons (MA), uma professora trabalha questões socioambientais com seus alunos com o objetivo de proteger nascentes e preservar o cerrado. O conteúdo da iniciativa também é divulgado no TikTok para conscientizar a população em geral.

O primeiro projeto criado pela professora Rosa Maria foi focado no mapeamento dos olhos d'água da zona urbana do sertão maranhense. Intitulado de “Olhos nos Olhos”, o trabalho também levou alunos para a limpeza das nascentes.

Os discentes ainda conversaram com moradores dos arredores para entender a história de cada local. Na aula de matemática, calcularam a vazão das fontes estudadas. “O objetivo é engajar os alunos em atividades práticas de temas transversais contemporâneos que contemplem os ODS da ONU, relacionando o meio ambiente com a vivência de cada um”, conta Rosa Maria.

Com o projeto “Olhos nos Olhos”, a professora recebeu o Selo Professor Transformador pelo Instituto Significare e o prêmio Territórios do Instituto Tomie Ohtake, em 2022. No ano passado, ainda esteve entre os 100 Professores Protagonistas da Mudança no Save for Tomorrow, promovido pela Samsung.

Izabel Cirqueira, aluna impactada pelo projeto, quer cursar ciências contábeis na faculdade. Ela conta que “tudo está envolvido nesse trabalho, inclusive a matemática. Lá no início, fizemos o mapeamento dos olhos d’água usando aplicativos de GPS. Vimos quantos quilômetros, quanto tempo para chegar a cada um e gostei muito disso.”

 

 

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