O Relatório do Índice de Desperdício de Alimentos 2024, elaborado pela WRAP em parceria com o PNUMA, apresenta estimativas precisas sobre o desperdício de alimentos no varejo e no nível do consumidor. Os dados revelam que, em 2022, foram geradas 1,05 bilhão de toneladas de resíduos alimentares, equivalente a 132 quilos por pessoa e quase um quinto de todos os alimentos disponíveis para os consumidores. Surpreendentemente, 60% desse desperdício ocorreu no âmbito doméstico.
Em relatório recente do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA), mostra que em 2022, domicílios de todos os continentes desperdiçaram mais de 1 bilhão de refeições por dia. 783 milhões de pessoas enfrentaram a fome, e um terço da população mundial lidou com insegurança alimentar. Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA, ressaltou que esse desperdício não apenas aprofunda a crise alimentar, mas também impõe custos substanciais ao clima e à natureza.
"A tragédia do desperdício de alimentos é global. A boa notícia é que, se os países priorizarem essa questão, poderão reverter significativamente essa perda desnecessária, reduzindo os impactos climáticos e acelerando o progresso em direção às metas globais" analisa Andersen.
Apesar de avanços na coleta de dados desde 2021, muitos países ainda carecem de sistemas adequados para monitorar o cumprimento das metas de desenvolvimento sustentável relacionadas à redução do desperdício de alimentos. Apenas quatro países do G20 e a União Europeia têm estimativas suficientes para rastrear o progresso até 2030.
O desperdício de alimentos não é exclusivo das nações ricas, com diferenças mínimas entre países de diferentes níveis de renda. Além disso, países mais quentes tendem a gerar mais desperdício de alimentos per capita em domicílios, possivelmente devido ao consumo de alimentos frescos com partes não comestíveis.
O impacto ambiental do desperdício de alimentos é significativo, contribuem com 8 a 10% das emissões globais de gases de efeito estufa e causando perda de biodiversidade. Estima-se que o custo econômico global dessa perda e o desperdício seja em torno de US$ 1 trilhão.
O relatório fala sobre a necessidade de ação coordenada em todas as cadeias de suprimentos e em todos os continentes. Parcerias público-privadas são vistas como essenciais para enfrentar esse problema, exigindo apoio filantrópico, empresarial e governamental. Com a revisão das metas climáticas nacionais em 2025, o PNUMA insta os países a integrarem a redução do desperdício de alimentos em seus planos, destacando a urgência de abordar o problema.