O governo federal coordenou reunião técnica nesta terça-feira (5/3) com o governador de Roraima, Antonio Denarium, e equipes do Ibama, do ICMBio e de outros órgãos federais para ampliar a cooperação no combate aos incêndios florestais no Estado, que enfrenta uma das piores estiagens em mais de duas décadas.
As ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e os ministros Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social) participaram do encontro na sede do Prevfogo, no Ibama, em Brasília. O governador Denarium acompanhou a reunião remotamente.
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, destacou em apresentação a situação climática em Roraima, que agrava o risco de grandes incêndios. O número de focos (4.568) no Brasil em fevereiro é o maior da série histórica, e quase metade foi registrado no Estado de Roraima. Houve recordes no mesmo mês na Venezuela (9.052), no Suriname (222) e na Guiana (616), países próximos a Roraima.
O crescimento anormal do número de focos desde janeiro ocorre em razão da estiagem prolongada, que é intensificada pela mudança do clima e pelo fenômeno El Niño.
Cerca de 60% dos focos de incêndio registrados em Roraima desde o início do ano estão em áreas privadas, onde a prioridade de combate é dos órgãos estaduais. Atualmente, 341 brigadistas e servidores do Ibama e do ICMBio atuam no Estado.
“Roraima está sofrendo uma crise climática sem precedentes, é a maior crise de pluviosidade (incidência de chuvas sobre uma determinada área) dos últimos 25 anos”, disse Agostinho em entrevista coletiva após a reunião.
O presidente do Ibama também destacou a necessidade de cooperação entre os governos federal, estadual e municipais, além do envolvimento da população, que precisa evitar queimadas. Segundo ele, a prioridade são áreas que concentram população ou onde há mais risco para a biodiversidade.
A ministra Marina Silva destacou medidas preventivas realizadas desde o fim do ano passado, como a contratação recorde de brigadistas e as ações de queima controlada na região, além da queda de 50% da área sob alertas de desmatamento na Amazônia em 2023, segundo dados do sistema Deter, do Inpe. “Sem isso, estaríamos em uma situação de total descontrole”.
Desde 24 de janeiro há uma sala de situação com representantes do Estado e do governo federal para analisar, monitorar e coordenar o combate. A ação conjunta ocorre por meio do Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Nacional (Ciman), que reúne mais de dez órgãos federais.
“É muito importante este trabalho integrado do MMA, da Defesa Civil e do governo do Estado de Roraima, junto ao ICMBio e ao Ibama, para que a gente possa resolver esta situação, que ainda não acabou”, afirmou o governador. Segundo ele, há previsão de estiagem até maio.
Denarium destacou a ocorrência de incêndios criminosos na região: “A Polícia Civil e a Polícia Militar estão fazendo investigações para chegar nos responsáveis pelos incêndios, principalmente nos municípios mais afetados, para identificar os criminosos que colocaram fogo.”