26/01/2024 às 13h44min - Atualizada em 26/01/2024 às 13h44min

Pesquisa revela esgotamento crítico das reservas de águas subterrâneas no mundo

Análise inédita abrange 40 países e destaca situação preocupante e falta de ações para minimizar os riscos

Willian Oliveira
Willian Oliveira
Envato
Um levantamento extenso publicado recentemente na revista científica Nature e divulgado amplamente pela mídia, incluindo a CNN, trouxe à luz a realidade preocupante do estado das reservas subterrâneas de água em escala global. A pesquisa, que contemplou a análise de milhares de registros de níveis de água em mais de 40 nações, aponta para uma redução alarmante dessas fontes vitais, sublinhando a importância crítica de avaliar o efeito das atividades humanas sobre esses recursos.

Com a água doce acessível para consumo humano representando apenas 2% do total disponível no planeta, as reservas subterrâneas se mostram fundamentais, sobretudo em áreas com escassez de precipitação e recursos hídricos superficiais, como é o caso de regiões do noroeste da Índia e sudoeste dos Estados Unidos. Localizadas em aquíferos, essas águas são indispensáveis para o fornecimento de água potável, irrigação, entre outros usos.

Debra Perrone, uma das autoras do estudo e professora associada no Programa de Estudos Ambientais da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, comentou sobre a motivação por trás da pesquisa: "Nossa intenção era entender profundamente a situação atual das águas subterrâneas ao redor do globo, por meio de um exame detalhado de variadas medições".

Os resultados revelaram uma diminuição significativa nos níveis das águas subterrâneas, com uma média de queda de 71% em 1.693 aquíferos analisados entre 2000 e 2022. Em 36% desses locais, a redução foi superior a 0,1 metro anualmente, levantando sérias questões sobre a sustentabilidade do acesso à água potável e os efeitos adversos ao meio ambiente.

O aquífero Ascoy-Soplamo, localizado na Espanha, foi destacado pelo estudo como o mais afetado, com um decréscimo médio anual de 2,95 metros. Scott Jasechko, coautor da pesquisa e professor associado da Escola Bren de Ciência e Gestão Ambiental da Universidade da Califórnia, em Santa Barbara, expressou surpresa com as medidas inovadoras adotadas em alguns lugares para combater a redução das águas subterrâneas, embora tais iniciativas positivas sejam excepcionais.

A pesquisa também indicou que a velocidade do esgotamento dos aquíferos se intensificou, particularmente entre 1980 e o início do século 21, sugerindo uma degradação mais acelerada do que as previsões anteriores e ressaltando a necessidade de intervenções imediatas para conservar esses reservatórios vitais.

Donald John MacAllister, hidrólogo do British Geological Survey e que não participou do estudo, elogiou a pesquisa como uma compilação de dados notável, embora reconheça algumas omissões. Ele enfatizou a importância fundamental da água subterrânea e o desafio de mantê-la na consciência pública e na agenda dos decisores políticos, para assegurar a resiliência e adaptação às mudanças climáticas.
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