O Global Meeting – Circuito COP30: Simpósio de Economia Circular e Cadeias Produtivas Sustentáveis, realizado no Complexo Na Praia (Brasília) e transmitido pelo portal Poder360 e pela TV Global ESG no YouTube, recebeu a contribuição de Breno Prince, engenheiro de energia, pós-graduado em sustentabilidade corporativa e governança, e diretor-executivo da Venturo.
Em sua fala, Breno sublinhou que a sustentabilidade só é efetiva quando acompanhada de rastreabilidade, visibilidade e confiança nos dados. Para ele, os indicadores em tempo real não são apenas instrumentos técnicos, mas verdadeiros mecanismos de mudança cultural.
Da engenharia de energia à inovação em sustentabilidade
Breno compartilhou sua trajetória profissional, desde o trabalho com catalisadores heterogêneos e biodiesel — “cheguei a transformar 10% da gordura residual em combustível” — até experiências com energia solar e eólica. Essa vivência, somada ao contato com plataformas de eventos como o Na Praia e com cooperativas de reciclagem, levou-o a compreender a urgência de trazer métricas e indicadores para o centro da pauta ambiental.
Exercício prático e cultura de base
O diretor-executivo recordou um episódio em São José do Rio Preto, quando dona Rosana, de uma cooperativa local, o desafiou a acumular por uma semana todo o resíduo gerado em sua casa.
“No segundo dia, meu apartamento já não tinha mais espaço”, relatou. “Esse exercício simples nos faz repensar hábitos, reduzir rejeitos e perceber como podemos facilitar o trabalho das cooperativas e dos catadores.”
Para Breno, essa experiência mostra que a transformação não precisa ser imposta de cima para baixo:
“A cadeia de valor não necessariamente precisa ser algo vertical, de cima para baixo; podemos olhar exemplos que vêm de baixo para promover a transformação cultural necessária.”
Transparência contra fraudes e “Carbon Cowboys”
Ao refletir sobre os riscos de mercados sem rastreabilidade, Breno resgatou a história dos chamados “Carbon Cowboys”, surgidos após a Eco-92:
“Na época, créditos de carbono chegaram a ser comercializados com base em florestas inexistentes no Texas. Aquilo aconteceu por falta de rastreabilidade e confiança. Não podemos repetir esse erro.”
Nesse sentido, apresentou a parceria da Venturo com o Instituto Global ESG, que já implementa dashboards públicos em tempo real para eventos, consolidando dados sobre geração de resíduos, destinação, taxas de desvio de aterro, consumo e redução de água e energia.
“Transparência cria confiança: mostrar dados em tempo real dá lastro ao trabalho na cadeia de valor”, afirmou.
Baseline: sem medir, não há como reduzir
Breno reforçou a necessidade de definir baselines para consumo de energia, água e geração de resíduos:
“A gente só consegue reduzir se a gente souber o baseline do quanto a gente consome. Se não sei meu gasto de energia, como vou prometer reduzi-lo?”
Segundo ele, estabelecer séries históricas confiáveis e comparáveis é pré-requisito para metas realistas e para comunicar resultados com credibilidade.
Tecnologia a serviço da confiança
A Venturo, explicou Breno, tem como missão usar a tecnologia para aproximar pessoas, dados e narrativas. Plataformas digitais amigáveis e acessíveis traduzem indicadores técnicos em informações claras, conectando métricas a histórias humanas: o trabalho de cooperativas, a redução de impactos ambientais e o engajamento da sociedade.
“Mais do que números, precisamos mostrar que por trás de cada indicador existem pessoas e escolhas que podem transformar cadeias inteiras”, observou.
Conclusão: corresponsabilidade e cultura de sustentabilidade
Encerrando, Breno lembrou que a responsabilidade é compartilhada:
“O Brasil já tem políticas sólidas, mas não basta depender apenas do governo ou das grandes empresas. Cada indivíduo, dentro de casa, pode impactar a cadeia.”
Ao defender a união entre poder público, empresas, cooperativas e cidadãos, ele reafirmou que a confiança nasce da transparência, e a mudança cultural começa na base, mas precisa ser sustentada por dados confiáveis e governança robusta.
Contexto institucional do evento
O Global Meeting – Circuito COP30 é uma realização do Instituto Global ESG, em parceria com a Embrapa e o Grupo R2. Conta com o patrocínio da Caixa Econômica Federal, o fomento do Grupo Arnone e o apoio interinstitucional de órgãos públicos, empresas, movimentos sociais e instituições científicas. O simpósio integra a agenda preparatória da COP30, em Belém (2025), consolidando o Brasil como protagonista em economia circular, cadeias produtivas sustentáveis e governança climática.