Durante o Global Meeting – Circuito COP30, no âmbito do Simpósio Instrumentos Fiscais e Tributários Sustentáveis, promovido pela Advocacia-Geral da União (AGU) em parceria com o Instituto Global ESG, o empresário Eduardo Azambuja, sócio e diretor de sustentabilidade do Grupo R2, protagonizou uma das exposições mais contundentes do evento ao apresentar, em detalhes, as múltiplas frentes de atuação do festival Na Praia, reconhecido internacionalmente como o maior evento lixo zero do mundo e referência na implementação de práticas ESG no setor de eventos.
“O Grupo R2 vem mostrando que é possível empreender com impacto positivo e com alma”, afirmou Eduardo, após a exibição de um vídeo institucional que evidenciou as ações integradas de sustentabilidade, acessibilidade, segurança, equidade de gênero e combate à fome. O festival é certificado pela Zero Waste International Alliance, alcançando índices de excelência ambiental e social.
Lixo zero e responsabilidade ambiental: modelo de economia circular
Com duração de quase três meses e público superior a 350 mil pessoas por edição, o Na Praia atingiu índice de 98% de destinação nobre de resíduos, por meio de estratégias rigorosas de reutilização, compostagem, reciclagem e revalorização de materiais. Desde 2017, o evento aboliu o uso de descartáveis convencionais na Vila Gastronômica, exigindo que todos os fornecedores adotem materiais compostáveis — com curadoria prévia da organização e exclusão de parceiros não aderentes à política.
O impacto gerado transcende a experiência local. Segundo Eduardo, o festival influenciou a adoção de práticas sustentáveis por outros eventos de grande porte no país, como o Moto Capital, e tem servido de referência para a construção de protocolos ambientais em parceria com instituições públicas.
“A gente busca ir além da neutralidade de carbono. Trabalhamos para ser carbono positivo, porque mesmo que todos zerassem suas emissões hoje, ainda levaríamos séculos para reparar a dívida ambiental acumulada”, reforçou. Essa postura se traduz em investimentos voluntários em projetos ambientais que compensam, e superam, as emissões do evento.
Igualdade de gênero, segurança e empatia social
Entre as inovações sociais implementadas, Eduardo apresentou um dos marcos mais simbólicos da atual temporada: um espaço sensorial imersivo, desenvolvido em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), que simula a experiência de uma gravidez não planejada em condições de vulnerabilidade. A instalação conta com estrutura 360º, equipamentos de simulação de peso e efeitos ambientais, promovendo empatia e sensibilização.
O compromisso com a segurança das mulheres é visível em programas como o “Conta Comigo”, que utiliza QR codes e postos de acolhimento psicológico distribuídos pelo festival, e o “Siga Segura”, em que mulheres são acompanhadas por seguranças e psicólogas até seus transportes. Dados levantados pelo Instituto Glória demonstraram que 98% das mulheres se sentem seguras dentro do evento, mas esse índice reduz-se fora dos portões, motivando o festival a buscar soluções concretas com a Secretaria de Segurança Pública, como iluminação pública, policiamento dedicado e pontos de embarque exclusivos. Também foram implementadas ações afirmativas com motoristas mulheres, garantindo mais conforto e confiança às participantes.
Festival acessível: experiência plena e inclusiva
Com medidas abrangentes e inovadoras, o Na Praia é apontado como um dos festivais mais acessíveis do mundo para pessoas com deficiência. As soluções vão além do cumprimento normativo, propondo uma vivência integral para todos os públicos:
“Essas ações são pouco conhecidas, mas precisam ser divulgadas. Queremos parar de falar apenas da grade de artistas e dar visibilidade às causas que sustentam o nosso propósito”, reforçou Eduardo.
Fome de Música: cultura como agente de transformação social
Criado durante a pandemia, o Instituto Fome de Música nasceu das lives solidárias com arrecadação de alimentos por QR Code. Desde então, o modelo evoluiu: cada ingresso vendido nos eventos do Grupo R2 inclui um acréscimo voluntário de R$ 1, totalmente revertido para o combate à fome.
No Mané Mercado, por exemplo, a doação integrada ao couvert artístico já gera R$ 20 mil por mês, totalizando R$ 240 mil por ano, destinados a instituições como a Abrace e a Rede Feminina de Combate ao Câncer. O plano agora é ambicioso: expandir o modelo para mais de 500 bares com música ao vivo no Distrito Federal, além de estádios de futebol, casas de show e turnês nacionais de artistas parceiros.
“Se cada ingresso de show ou cada prato servido com música ao vivo destinar um real ou até um centavo, podemos acabar com a fome no Brasil. O impacto coletivo é real e está ao nosso alcance”, afirmou.
Alianças e futuro compartilhado
A apresentação de Eduardo Azambuja foi marcada por um chamado à convergência entre setor privado, poder público, organizações internacionais e a sociedade civil organizada, com foco na construção de soluções viáveis, eficazes e escaláveis. “Sozinhos, vamos até certo ponto. Mas juntos, podemos construir um mundo mais justo para mulheres, crianças e pessoas em situação de vulnerabilidade”, declarou, sendo calorosamente aplaudido pelos presentes.
O painel foi moderado pela Dra. Gláucia Uliana e integrou o ciclo de debates sobre os instrumentos jurídicos e fiscais sustentáveis do Global Meeting. Também participaram Flavio Roman (Secretário-Geral de Consultoria da AGU), Teresa Villac (Pronaclima/AGU), Sóstenes Marchezine (Instituto Global ESG), Natália Gomes (Grupo Arnone), além das presenças especiais de Márcio Canedo, pesquisador do IBICT/MCTI, e Paola Comin, coordenadora de relações internacionais do Instituto Global ESG.