18/12/2023 às 14h22min - Atualizada em 18/12/2023 às 14h22min

​Relatório sinaliza mudança estrutural na demanda por carvão até 2026

Apesar do recorde de consumo em 2023, projeção de queda nos próximos anos anima especialistas

Willian Oliveira
A Agência Internacional de Energia (AIE) lançou seu último relatório anual sobre o mercado de carvão, revelando projeções notáveis para o futuro da indústria. Pela primeira vez, o relatório prevê uma queda na demanda global por carvão até 2026, sinalizando uma mudança estrutural impulsionada pelo avanço sustentado das tecnologias de energia limpa.

Segundo o relatório, a demanda global de carvão atingirá um recorde em 2023, ultrapassando 8,5 bilhões de toneladas, um aumento de 1,4% em relação a 2022. Entretanto, a previsão de queda de 2,3% até 2026 indica uma transformação significativa no panorama do carvão, mesmo sem a implementação de políticas mais rigorosas em energia limpa e clima.

Segundo o presidente da AIE, Keisuke Sadamori, o declínio é mais estrutural, impulsionado pela expansão formidável e sustentada de tecnologias de energia limpa.

O relatório destaca que, apesar do declínio, a demanda global permanecerá consideravelmente acima das 8 bilhões de toneladas até 2026. Para cumprir as metas climáticas do Acordo de Paris, será necessário um declínio mais rápido e esforços substanciais para promover energias limpas.

A China, responsável por mais da metade da demanda global de carvão, desempenha um papel crucial nessa transição. Prevê-se que a demanda chinesa atinja o pico em 2024 e se estabilize até 2026, impulsionada pela expansão massiva da capacidade de energia renovável. O relatório enfatiza que o ritmo dessa transição dependerá das políticas de energia limpa, das condições meteorológicas e das mudanças estruturais na economia chinesa.

“Este é um ponto de virada histórico para o setor de carvão. A transição para energias renováveis está acelerando, e é vital que as principais economias asiáticas liderem esse movimento. Esforços contínuos são cruciais para atingir metas climáticas internacionais", diz o diretor do Instituto Global, Alexandre Arnone.

O relatório também aponta para uma alteração no cenário do comércio mundial de carvão, prevendo uma contração à medida que a demanda diminui nos próximos anos. No entanto, o comércio atingirá um novo recorde em 2023, impulsionado pelo crescimento na Ásia. Importações chinesas e exportações indonésias estão prestes a estabelecer novos recordes, evidenciando as mudanças significativas no panorama global do carvão.
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