Este 12 de abril marca o Dia Internacional dos Voos Espaciais Tripulados, em alusão ao dia em que o primeiro ser humano chegou ao espaço. Atualmente, a exploração do espaço é marcada pelo aumento da atuação de empresas privadas, da quantidade de objetos em órbita e do número lançamentos de missões.
Aarti Holla-Maini, diretora do escritório da ONU para assuntos do Espaço Sideral, em Unoosa, afirmou que uma questão urgente é entender melhor o impacto que a fumaça do lançamento de objetos espaciais têm na atmosfera. Para a especialista, “pode ser que descubramos que já estamos numa situação urgente”.
Ela mencionou ainda a preocupação com aumento de detritos e satélites antigos que estão sendo queimados ao reentrar na atmosfera. Holla-Maini destacou que atualmente existem “tantos objetos de todos os tamanhos” no espaço, sem que haja uma compreensão abrangente de onde todos eles estão e quando. Para ela, os detritos e a poluição espacial devem ser um foco prioritário de cooperação entre os países, por meio das Nações Unidas, “para melhorar a segurança espacial para todos”.
Essa segurança, segundo a especialista, é muito importante para os voos espaciais humanos, para as observações astronômicas e para garantir a continuidade de comunicações ou imagens de satélite essenciais para monitoração do clima, por exemplo.
A diretora do Unoosa mencionou o programa Spider, mandatado pela Assembleia Geral, que fornece informações espaciais para resposta a desastres e emergências. Os benefícios incluem alerta precoce e monitoramento para inundações, secas, incêndios florestais, doenças transmitidas por mosquitos, pragas em colheitas, dentre outros.
A especialista disse que o objetivo da ONU é “garantir que todos os Estados-membros que necessitam estejam capacitados e equipados” para serem resilientes face a todos os choques globais que estão surgindo, especialmente aqueles ligados ao clima.
A agência irá realizar em junho a Conferência de Atividades Lunares Sustentáveis, a primeira sobre o tema. De acordo com Holla-Maini, tanto o subcomitê científico e técnico como o subcomitê jurídico da Unoosa tratam das atividades na Lua.
No entanto, é no ambiente legal que ocorrem debates como o destino de recursos extraídos de corpos celestes como a lua ou asteroides e sua possível apropriação comercial.
Segundo a diretora do Unoosa, essas questões são difíceis porque conflitam com os princípios fundamentais do Tratado do Espaço Sideral, que diz que essa área pertence a toda humanidade e que, portanto, não deixa margem para um “ângulo comercial”. Holla-Maini afirmou ainda que não existe uma competição no espaço nem uma corrida dos países como observado no período da Guerra Fria.
Ela disse que agora é o momento de realmente olhar para a ciência e a exploração espaciais procurando as “abordagens mais inovadoras e pragmáticas” e é por isso que existem mais empresas comerciais envolvidas. Para a diretora do Unoosa, “se as agências espaciais realizarem por si próprias grandes missões espaciais, arriscam demorar muito mais tempo e de serem muito mais caras”.
Ela defendeu novas formas de incluir a indústria no diálogo, mas preservando o poder de decisão dos próprios Estados-membros. O 12 de abril de 1961 foi a data do primeiro voo espacial humano, realizado por Yuri Gagarin, da então União Soviética. Este evento histórico abriu caminho para a exploração espacial em benefício de toda a humanidade.
A Assembleia Geral manifestou a sua profunda convicção no interesse comum da humanidade na promoção e expansão da exploração e utilização do espaço exterior, como domínio de toda a humanidade, para fins pacíficos e na continuação dos esforços para estender a todos os Estados os benefícios daí derivados.