No âmbito da indústria automobilística brasileira, o retorno da cobrança do imposto de importação para veículos híbridos, híbridos plug-ins e elétricos, desde o início deste ano (2024), impõe desafios significativos às montadoras do país, marcando um período crucial de adaptação rumo à transição energética. Para o presidente da Renault do Brasil, Ricardo Gondo, essa recomposição gradual das alíquotas, com cotas, representa um avanço, fornecendo previsibilidade e regras claras ao setor.
Gondo ressaltou a importância de um período de transição para as empresas já estabelecidas no país, permitindo-lhes ajustar-se à nova realidade sem um mercado totalmente aberto. Esta medida reflete a necessidade de investimentos de longo prazo, requerendo previsibilidade e segurança jurídica para assegurar a competitividade da indústria nacional.
Embora a indústria automotiva global esteja passando por uma transformação rumo à eletrificação, Gondo observa que o ritmo dessa mudança varia entre os países, destacando que, no Brasil, a disponibilidade do etanol pode estender a transição para veículos elétricos, tornando-a mais gradual.
Thiago Sugahara, diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), reconhece que o aumento do imposto de importação pode impactar os custos a curto prazo, mas afirma que a eletrificação é um caminho irreversível. O crescimento nas vendas de veículos eletrificados, apesar dos desafios regulatórios, é evidência desse movimento.
Sugahara enfatiza a necessidade de o Brasil acompanhar o ritmo global da transição energética, atualizando suas fábricas e incorporando a produção de veículos elétricos e híbridos. A regulamentação do Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) oferece uma direção para essa transição, fornecendo um guia para os próximos cinco anos.
As cotas de isenção temporárias visam facilitar o acesso a novos importadores enquanto a indústria nacional se desenvolve, mas a taxação gradual dos veículos eletrificados ainda representa um desafio para a competitividade no mercado brasileiro. O Brasil, portanto, enfrenta a tarefa crucial de se adaptar às demandas de um mercado global em rápida transformação, garantindo sua posição na vanguarda da inovação e da sustentabilidade na indústria automotiva.