26/02/2024 às 07h19min - Atualizada em 26/02/2024 às 07h19min

Ministério dos Direitos Humanos emite alerta contra fake news

A internet recebeu uma enxurrada de notícias denuncistas sobre exploração sexual e tráfico de orgãos infantil no Pará

Por Bianca Rocha
Por Bianca Rocha
Paulo Victor Chagas/Ascom/MDHC
Na penúltima semana de fevereiro, a internet recebeu uma enxurrada de notícias denuncistas contra o Pará, após vazamento de notícias sobre a possível exploração sexual e tráfico de órgãos infantil na Ilha do Marajó. Logo, diversos influenciadores e pessoas reviveram um alerta de Damares sobre a região.

Damares, ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos entre 2019 à 2022, havia denunciado a violência a crianças sem apresentar provas, relatando que crianças tinham partes dos corpos multilados para facilitar ações de abusadores e dizendo que escutou as histórias na ruas. Além disso, publicou um vídeo de crianças sendo resgatadas por políciais, entretanto, o vídeo em questão não era sobre a Ilha do Marajó como a mesma havia denunciado e sim de crianças do Uzbequistão, que também não se trata de tráfico humano.

Na última sexta-feira (23), o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania emitiu um alerta contra a fake news relacionada a Ilha do Marajó. Em maio de 2023, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania criou o programa Cidadania Marajó, com políticas públicas para a região, projeto esse que pessoas confundiram e disseram ter sido revogado pelo Governo Federal sobre a gestão de Lula. 

Para isso, o ministério diz que a revogação foi sobre o antigo programa intitulado "Abrace o Marajó", alvo de críticas e denúncias, com o motivo do governo federal ter as crianças e adolescentes como prioridade absoluta, e parte da premissa de que, para garantir direitos, cidadania e mudar, a realidade das pessoas, é preciso dar voz à população marajoara e apresentar políticas robustas e eficazes.

Além disso, o ministério diz possuir o compromisso de não associar imagens de vulnerabilidade socioeconômica ou do próprio modo de vida das populações do Marajó, em especial, crianças e adolescentes, ao contexto de exploração sexual.

Conheça a realidade com base em dados

1 - Em 2021, um ano depois de o "Abrace o Marajó" ser criado, o Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União (DPU), Ministério Público do Pará (MPPA) e Defensoria Pública do Estado do Pará (DPE-PA) emitiram uma recomendação em que questionaram a governança e apontaram déficit de participação social no programa.

2 - Segundo relatório da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara dos Deputados, o programa foi utilizado para a exploração de riquezas naturais e para atender a interesses estrangeiros, sem benefício à população. Não houve participação social ou articulação entre os poderes estaduais, municipais . As comunidades locais e sociedade civil organizada nunca foram ouvidas, assim como não foram respeitados os protocolos de consulta.

3 - De 2019 a 2022, o governo federal diminuiu investimentos nos municípios do Marajó, sobretudo na assistência social, área estratégica para o sistema de garantia de direitos.

4 - Avaliações técnicas do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania têm identificado expressiva emissão de Termos de Autorização de Uso Sustentável (TAUS) durante o exercício do antigo programa.

5 - O "Abrace o Marajó" apontava, como um dos seus objetivos, "melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios que compõem o Arquipélago de Marajó por meio da ampliação do alcance e do acesso da população Marajoara aos direitos individuais, coletivos e sociais". No entanto, os indicadores demonstram que nada mudou, ou que a situação dos marajoaras piorou. A cobertura vacinal nos municípios do Marajó foi de 59,20% em 2019 para 42,20% em 2022. A taxa de mortalidade infantil, que era de 7,54 em 2018, foi de 7,89 em 2022. A taxa de gravidez na adolescência se manteve praticamente estável, sendo de 28,6% em 2019, 27,5% em 2020 e 28,0% em 2021.

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