15/01/2024 às 13h45min - Atualizada em 15/01/2024 às 13h45min

Fórum Econômico Mundial aponta que riscos globais mais graves devem permanecer nos próximos anos

O relatório aponta piora e discordâncias entre gerações na urgência das mudanças climáticas até a próxima década

Por Bianca Rocha
Por Bianca Rocha
Envato

O relatório World Economic Forum (WEF) 2024, apresenta sua 19° edição examinando ameaças significativas que podem surgir na próxima década, considerando as rápidas transformações tecnológicas, incertezas econômicas, temperaturas globais, conflitos em curso e descobertas acerca da Pesquisa de Percepção de Riscos Globais (GRPS - em inglês), contando com mais de 1.500 especialistas globais. Segundo o relatório, em meio a um cenário em que a cooperação internacional pode estar em risco, a fragilidade das economias e sociedades emerge como um fator que as torna suscetíveis a desafios. Nesse contexto, basta um pequeno evento disruptivo para ultrapassar o limiar da resiliência, colocando em evidência a vulnerabilidade desses sistemas.

 

O estudo revelou que as populações vulneráveis lidam com conflitos letais, como os que acontecem no Sudão, Gaza e Israel, juntamente com as condições de calor recordes, seca, incêndios florestais e inundações, sendo perceptvel o descontentamento social em muitos países. Mesmo com os conflitos como a guerra Russa-Ucraniana e a pandemia da COVID-19 tenham sido em grande parte evitadas, a perspectiva de longo prazo para esses desenvolvimentos poderia trazer mais choques globais.

 

Os resultados da GRPS 2023-24 apresentam uma perspectiva predominantemente negativa para o mundo até 2026, apontando para uma possível piora ao longo da próxima década. Em setembro de 2023, a pesquisa analisou que mais da metade dos candidatos, cerca de 54% concordou que há alguma instabilidade e um risco moderado de catástrofes globais, enquanto outros 30% esperam condições ainda mais turbulentas. Para os próximos 10 anos, quase dois terços dos entrevistados aguardam por anos agitados ou turbulentos. 

 

A questão climática é classificada como o fator principal de risco e mais provável de apresentar uma crise material em escala global em 2024. Com o verão no Hemisfério Norte mais quente da história registrada em 2023, 66% dos entrevistados acreditam que as Condições Climáticas Extremas são os principais riscos que serão enfrentados em 2024. É esperado que o El Niño, ou a fase de aquecimento do ciclo alternado El Niño-Oscilação Sul (ENOS), se fortaleça e persista até maio deste ano. Isso pode continuar estabelecendo novos recordes em condições de calor, com ondas de calor extremas, seca, incêndios florestais e inundações previstas. 

 

Há também uma certa discordância sobre a urgência dos riscos ambientais em relação à Perda de Biodiversidade e Colapso dos Ecossistemas, e Mudanças Críticas nos Sistemas Terrestres. Pessoas mais jovens classificam esses riscos de forma muito mais elevada ao longo do período de dois anos em comparação com grupos etários mais velhos, com ambos os riscos figurando entre os 10 principais em curto prazo.

 

Para o setor privado, os riscos são as principais preocupações a longo prazo, ao contrário do que pensa a sociedade civil ou governo, que priorizam esses riscos em períodos mais curtos. 

 

Nathália Ayumi, Head de Sustentabilidade do Grupo Arnone, fala sobre a importância dos dados apresentados. Para a Engenheira Ambiental, o relatório aponta crises extremas em relação ao clima que necessitam de mais atenção nos próximos anos. O relatório também apresenta problemas como segurança e desafios ao combate da Fake News impulsionado pela tecnologia. 

 

“Uma das problemáticas apresentadas no relatório é a emergência climática. O aumento da temperatura não apenas afeta o clima, mas também têm efeitos sérios sobre a disponibilidade de alimentos e água, que são essenciais para a sobrevivência humana no planeta. Quando esses fatores se combinam com eventos imprevisíveis, podem resultar em crises mundiais significativas", analisa Ayumi. 

 

O WEF, também relata que a discrepância nas percepções de urgência entre os principais tomadores de decisão implica em um alinhamento e tomada de decisões sub-ótimos, aumentando o risco de perder momentos-chave de intervenção, o que resultaria em mudanças de longo prazo nos sistemas planetários.


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