Foto por 2024 Getty Images Rebeca Andrade vive o auge de sua carreira na Olimpíada de Paris-2024. E a cereja do bolo foi conquistada nesta segunda-feira, na prova do solo. A ginasta brasileira faturou a medalha de ouro, bateu recordes e ainda desbancou a estrela americana Simone Biles, considerada a maior da história. Após ser enaltecida no pódio pela própria Biles (prata) e pela também americana Jordan Chiles (bronze), a atleta de 25 anos festejou a lista de feitos: "Estou explodindo!".
"Eu estou muito feliz e muito orgulhosa das minhas apresentações, mesmo tendo algumas falhas na trave. Eu segurei firme, sabe? E o fato depois de faltar apenas o solo, eu pensei: 'agora só falta o solo, se concentra'. Eu fiz o meu melhor tanto na trave quanto no solo e o ouro veio. Então, estou muito orgulhosa, do pódio, das mulheres, de mim e de tudo o que a gente está construindo", festejou, em entrevista ao canal SporTV
Rebeca ouviu o Hino Nacional emocionada no pódio. Ao seu lado, as duas rivais americanas fizeram uma reverência à brasileira, que deve entrar para a história destes Jogos Olímpicos. "Chorei porque terminei a competição inteira. Orei bastante para Deus todos os dias, mesmo antes de vir para cá, pedindo para que fosse uma competição boa, para que eu aproveitasse e para que eu voltasse (para casa) sem me lesionar. Que nada de ruim acontecesse! E o choro foi mais por isso mesmo. Eu estou inteira, estou aqui, feliz, curti, vivi Paris e fechei com chave de ouro. Nossa, eu estou explodindo."
Questionada sobre o futuro, Rebeca evitou fazer projeções. Mas indicou que a prova desta segunda-feira pode ser a sua última no solo. "Acho que sim, mas o futuro a Deus pertence. Esse solo vai ficar na cabeça de vocês e na minha também", afirmou.
Técnico da seleção brasileira de ginástica, Francisco Porath explicou que esta prova é a que mais exige fisicamente da atleta "Confesso que é muito difícil prepará-la para fazer o solo. Fico emocionado até mesmo no treino quando ela acerta uns movimentos. E ver que ela fez o máximo dela no último dia (da ginástica artística na Olimpíada)... Todo mundo estava cansado, foi uma Olimpíada muito difícil. E o solo é o que mais desgasta, sempre demora para recuperá-la."
Biografia Resiliência e perseverança mal descrevem a trajetória de Rebeca Andrade no mundo da Ginástica Artística. Sua história é de determinação inabalável, marcada por um número impressionante de medalhas e Campeonatos Mundiais, todos conquistados ao superar três lesões devastadoras do LCA. Apesar de enfrentar contratempos que teriam paralisado muitas carreiras, o espírito inabalável de Andrade impulsionou-a ao topo da glória da ginástica.
Trio de lesões do LCA de Rebeca Andrade O período de azar de Andrade começou com sua primeira lesão no LCA em 2015, forçando-a a perder o Campeonato Mundial daquele ano. No entanto, ela se recuperou em 2016 e foi fundamental para ajudar o Brasil garantir a classificação Olímpica.
O ano de 2017 foi uma grande promessa para ela como uma das principais candidatas à medalha geral no Campeonato Mundial. Tragicamente, ela sofreu uma segunda lesão no LCA em Montreal, forçando-a a desistir da competição.
Em 2018, apesar de ainda estar em recuperação, voltou às competições. No entanto, sua jornada enfrentou outro revés no ano seguinte, quando sofreu uma terceira lesão no LCA do mesmo joelho durante sua rotina de solo nos Nacionais Brasileiros. Apesar de necessitar de cirurgias reconstrutivas nas três ocasiões, ela permaneceu determinada e resoluta, recusando-se a desistir.
“Já superei muitas coisas e cada vez que superei algo difícil fiquei mais determinada a voltar; Queria vencer ainda mais”, disse Andrade ao Olympics.com em outubro de 2019. “E acredito que não será diferente”.
“O mais difícil é quando você tem que voltar a praticar porque acaba sentindo um pouco de dor e mais. Como foi a terceira vez que isso aconteceu, tive um pouco mais de consciência corporal e também conheci um pouco mais sobre o processo dessa reabilitação”, explicou. “Então não foi tão pesado, tão difícil para mim voltar a fazer as coisas. Agora está tudo bem.”
O notável legado de conquistas de Rebeca Andrade Nos Jogos Olímpicos de 2020, realizadas em Tóquio, Andrade fez história ao conquistar a medalha de ouro no salto e garantir a prata na competição individual geral. Ela se tornou a primeira ginasta brasileira a conquistar uma medalha em Jogos Olímpicos.
Andrade alcançou inúmeros feitos impressionantes, não apenas nos Jogos Olímpicos, mas também nos Campeonatos Mundiais. Em 2021, a craque brasileira conquistou uma medalha de ouro e uma de prata. No ano seguinte, em 2022, conquistou mais uma medalha de ouro e uma de bronze. No Campeonato Mundial de 2023, ela ganhou uma medalha de ouro, três medalhas de prata e uma medalha de bronze.
O Campeonato Pan-Americano também viu o domínio de Andrade com uma medalha de prata em 2018 e dois ouros em 2021. Os primeiros anos de Rebeca Andrade e a jornada inspiradora na ginástica artística
A incrível jornada de Andrade começou na favela nos arredores de São Paulo. Ela foi criada pela mãe, Rosa, que sozinha criou oito filhos. O talento excepcional de Andrade na ginástica foi reconhecido desde cedo, levando-a a caminhar horas para praticar. Seu trabalho e dedicação a levaram ao Rio e ao Clube Flamengo, onde continua treinando até hoje.
Os sucessos de Andrade não só transformaram a sua própria vida, mas também lhe permitiram causar um impacto significativo na sua família, incluindo a compra de um novo apartamento. Suas raízes são parte integrante de sua identidade, como fica evidente em sua rotina de solo ao som de 'Baile de Favela', em homenagem ao seu início