23/06/2024 às 11h28min - Atualizada em 23/06/2024 às 11h28min
TRE do Paraná testa novos recursos de acessibilidade das urnas eletrônicas
A simulação ocorreu no Laboratório de Inovação e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Liods) do TRE-PR
Por Jean Araújo/Agência Estado
Por Jean Araújo/Agência Estado
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O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) testou na tarde da última quarta-feira, 19, os novos recursos de acessibilidade das urnas eletrônicas disponibilizados pela Seção de Voto Informatizado do Tribunal Superior Eleitoral (Sevin/TSE)
Com auxílio do Instituto Paranaense dos Cegos, a simulação ocorreu no Laboratório de Inovação e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Liods) do TRE-PR. Participaram das atividades o desembargador Sigurd Roberto Bengtsson e o secretário da Tecnologia da Informação (STI) do TSE, Júlio Valente.
O novo recurso auditivo para pessoas cegas estará disponível nas eleições municipais deste ano e será habilitado automaticamente para todos que informaram a Justiça Eleitoral de sua condição até o mês de maio, quando encerrou o período para cadastro e adequação da situação eleitoral.
"Se não houve essa comunicação prévia, no dia da eleição, quando for votar, basta manifestar o desejo de utilizar um fone de ouvido, e o mesário tem a possibilidade de liberar o áudio", acrescentou Valente.
O técnico em informatica, Gilberto Yoshikazu Ozawa, que participou dos testes, contou a sua experiência com a tecnologia.
"Há a opção de aumentar o volume, mas não senti necessidade, porque está bem compreensível. Agora a urna também fala quem é o candidato para o eleitor confirmar, dando mais segurança ao voto Sinto que as pessoas com deficiência vão se sentindo mais integradas com a acessibilidade, porque precisam de menos ajuda e podem votar em menos tempo", relatou.
Além da voz, as urnas eletrônicas já contam com recursos de acessibilidade como o Sistema de Braile, a identificação da tecla "5" e intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) na tela.
Voz sintetizada Letícia
Lançada neste ano pelo TSE, a voz sintetizada Letícia é um recurso auxiliar que visa garantir a acessibilidade a pessoas com deficiência visual. A voz guiará cegos ou pessoas com baixa visão durante o momento de votar.
A guia auditiva oferecerá instruções para dar início ao processo, assim garantindo mais autonomia e sigilo do voto aos usuários da tecnologia. Ela informará cada cargo em votação, assim como os nomes dos candidatos, os números e os partidos.
O recurso já existia em eleições passadas, desde os anos 2000, porém, foi atualizado em 2020 e agora conta com uma nova versão a partir da recomendação do Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB).
Antes, os nomes dos candidatos não eram informados e a voz era menos humana. Com a atualização, a proposta é que a fala do sintetizador seja mais natural e humanizada.
A voz em questão é da atriz e cantora da cidade de Volta Redonda (RJ) Sara Bentes, que nasceu com deficiência visual. Ela doou sua voz ao programa RHVoice, um banco de vozes público que converte o texto em fala e que foi usado para fazer a atualização nas urnas eletrônicas.
"Tudo o que venho fazendo, seja em relação à voz Letícia, seja por meio da minha arte, é para promover mais equidade, é para valorizar a diversidade, é para trazer mais consciência e para melhorar a vida das pessoas. Ser a voz da urna é uma realização muito forte, muito significativa, muito bonita, porque faz parte de tudo que eu acredito e de todo meu movimento por mais inclusão e mais acessibilidade", diz Sara.
A voz sintetizada foi batizada como Letícia por ser o segundo nome da autora.