25/04/2024 às 09h02min - Atualizada em 25/04/2024 às 09h02min

Dia Mundial Contra a Malária: entenda por que a doença afeta principalmente os mais pobres

Desigualdade social e ambiental dificulta acesso à prevenção e ao tratamento, elevando o risco da enfermidade

João Kerr
© UNICEF/Mark Naftalin | Mulher recebe medicação para tratar filha de quatro anos que sofre de malária no Sudão do Sul.
Nesta quinta-feira (25) é comemorado o Dia Mundial do Combate à Malária, cunhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A malária, causada por parasitas da espécie plasmodium, é transmitida aos humanos através da picada de mosquitos anopheles infectados.
 
Prevalente em regiões tropicais e subtropicais, especialmente em países pobres, a doença manifesta-se com febre, dor de cabeça, calafrios e sintomas semelhantes aos da gripe. Sem tratamento adequado, a malária pode levar a complicações graves e até à morte.
 
O Relatório Mundial sobre a Malária diz que, em 2022, foram estimados 249 milhões de casos de malária no mundo. O objetivo da OMS é reduzir os casos e a taxa de mortalidade em 90% até 2030.
 
Ainda segundo o relatório, a lacuna entre o valor necessário e o investido na resposta global à doença aumenta a cada ano. Enquanto seriam necessários US$ 7,3 bilhões em investimentos, o valor registrado é de apenas US$ 3,5 bilhões. Com a falta de recursos, a OMS recomenda que as populações mais vulneráveis sejam priorizadas. A razão é que povos mais pobres sofrem de forma desproporcional com a doença. Principalmente em países em desenvolvimento.

Prevenção e tratamento

A OMS recomenda a  vacinação contra doenças transmitidas por mosquitos e aprovou, em 2023, o uso da vacina R21/Matrix-M para prevenir malária. Este é o segundo imunizante contra a doença a receber a aprovação da entidade, após o RTS,S/AS01, em 2021.

Além disso, as celebrações do Dia Mundial da Saúde (7 de abril) pautam a escolha do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de número 3 como Objetivo do Mês: assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas as pessoas, em todas as idades. O ODS 3 ainda detalha: "atingir a cobertura universal de saúde, incluindo a proteção do risco financeiro, o acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade e o acesso a medicamentos e vacinas essenciais, seguros, eficazes, de qualidade e a preços acessíveis para todos."
 
Mas a falta de recursos em muitos lares pobres impede a prevenção e o tratamento eficaz da malária, incluindo o acesso a redes de proteção a mosquitos, inseticidas e instalações de saúde adequadas. As condições precárias de moradia e a falta de saneamento também aumentam o risco de transmissão da doença ao criar ambientes propícios para a reprodução de mosquitos.
 
Outro fator crítico é o acesso limitado a serviços de saúde, que pode resultar em tratamentos atrasados ou inadequados, acarretando o agravamento da doença. A instabilidade socioeconômica, prevalente em muitos países pobres, também complica as atividades de combate à malária, tornando difícil implementar e manter medidas eficazes de prevenção e controle.
 
Fatores ambientais que favorecem a criação de mosquitos e a transmissão da doença também colocam comunidades pobres em maior risco. Assim, a malária é tanto uma causa quanto uma consequência da pobreza, já que reduz a produtividade, eleva despesas de saúde e limita o crescimento econômico.
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