04/04/2024 às 16h42min - Atualizada em 04/04/2024 às 16h42min
Macapá é a cidade com maior igualdade salarial de gênero, mas enfrenta outros desafios
Gravidez na adolescência, mortalidade infantil e taxa de homicídio são indicadores com a pior avaliação
Bianca Rocha
Bianca Rocha
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Segundo o
Mapa da Desigualdade entre as Capitais Brasileiras, desenvolvido pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), Macapá, a capital do Amapá, é a cidade com maior igualdade salarial de gênero, apresentando o melhor valor, de 0,96%. Já Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, tem a pior avaliação no quesito, com nota de 0,81%. No desigualtômetro – nome dado para a análise de desigualdade entre os Estados – a distância entre o primeiro colocado e o último é de 1,5x. O trabalho do ICS acusa estabilidade no indicador em relação à base de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua trimestral (PNAD), do 1º trimestre de 2023, publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o estudo, foram utilizados 40 indicadores. Destes, Macapá aparece com 20 indicadores abaixo da média, 09 na média e 11 acima da média. Dados relacionados à gravidez na adolescência (18,0%), mortalidade infantil (20,3%) e taxa de homicídio (62,4%) aparecem em 26° lugar da lista com os piores indicadores quando comparados a outros Estados brasileiros. Macapá também aparece em primeiro lugar, com o melhor indicador de domicílios com acesso à energia elétrica.
Destacando o quinto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) – dentro do tópico Igualdade de Gênero – o ICS avalia outros tópicos, como presença de vereadoras na Câmara Municipal. Neste indicador, Macapá registra 17,3% de presença feminina, aparecendo na lista na 17° posição. A razão entre a taxa de realização de afazeres domésticos por mulheres e homens (0,88%) também aparece na 17° posição. Já a taxa de feminicídio (5,66%) – quando uma mulher morre por sua condição feminina – assume o 21° lugar – registro considerado ruim.
Para acompanhar o estudo completo
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Contexto brasileiro A Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizou o levantamento
Mulheres no Mercado de Trabalho, organizado a partir de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos 10 anos, houve redução na diferença entre salários pagos às mulheres e aos homens. O índice que mede a paridade salarial passou de 72 em 2013 para 78,7, em 2023. A paridade de gênero é medida em uma escala de 0 a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, maior a equidade entre mulheres e homens.
A Agência Brasil também informa que a participação feminina em cargos de liderança passou de 35,7% em 2013 para 39,1% em 2023. O índice de empregabilidade das mulheres apresentou evolução entre 2013 e 2023, passando de 62,6 para 66,6, respectivamente, crescimento de 6,4%. Os resultados do levantamento indicaram que as mulheres têm mais escolaridade que os homens: enquanto elas têm, em média, 12 anos de estudo; os homens têm 10,7 anos.
Segundo a Márcia Lima, secretaria de Políticas de Ações Afirmativas e Combate e Superação do Racismo do Ministério da Igualdade Racial, diz que o salário é resultado de um conjunto de questões, como educação, iniciação no mercado de trabalho (formal e informal), tipo de ocupação que o colaborador tem e entre outros e que nesse entrecruzamento entre raça, classe e gênero é possível enxergar a posição da mulher negra no mercado mercado de trabalho.
“Essas desigualdades de raça e gênero são frutos de dois mecanismos: o de segmentação e o efeito de discriminação. Essas questões têm grande impacto na inserção da pessoa e também afeta questões de renda. Através do Ministério das Mulheres, o governo está lançando uma política de igualdade salarial. Esperamos que a iniciativa tenha efeito sobre as desigualdades salariais também para pessoas negras”, diz a secretária.
A análise aponta que poucas empresas adotam políticas essenciais para apoiar a parentalidade, como flexibilização do regime de trabalho, licença maternidade/paternidade estendida e auxílio-creche.