16/03/2024 às 13h09min - Atualizada em 16/03/2024 às 13h09min

Brasileiros criam estação de tratamento de água portátil usada em 20 países em crise

O equipamento permite que comunidades tornem potáveis fontes de água alternativas como poços, rios ou água de chuva

Por João Scheller/Agência Estado
Por João Scheller/Agência Estado
Freepik
Uma startup brasileira desenvolveu um purificador de água portátil que vem sendo usado para ajuda humanitária em 20 países, desde zonas de guerra até regiões remotas sem acesso à água potável. O equipamento, na prática, funciona como uma espécie de estação de tratamento de água e usa dialisadores hospitalares para filtrar partículas muito pequenas de sujeira.

Os dialisadores são usados em hospitais para filtrar resíduos no sangue de pacientes e funcionam como última barreira do purificador para evitar a contaminação da água por vírus e bactérias.

O equipamento, produzido pela startup paulistana PWTech, permite que comunidades tornem potáveis fontes de água alternativas, como poços, rios ou água de chuva. Ele pesa cerca de 20 quilos e tem o tamanho um pouco maior do que uma mala de viagem - um metro de largura e 43 centímetros de altura. O aparelho tem autonomia para filtrar até 10 mil litros de água por dia e custa cerca de R$ 15 mil.

"O equipamento estava fornecendo um litro de água por pessoa a cada dia no Haiti. Já na Ucrânia, cerca de dez litros. Depende da necessidade e da condição de cada lugar", diz Fernando Marcos Silva, CEO e um dos fundadores da startup. "No Haiti, o equipamento estava processando seis mil litros de água por dia, portanto, impactando seis mil pessoas".

A portabilidade fez com que os purificadores fossem utilizados pelo governo brasileiro para prestar assistência em regiões remotas, como terras indígenas Yanomami ou para auxílio humanitário no exterior, em locais como Haiti, Ucrânia e na Faixa de Gaza.

Ele pode ser ligado diretamente à rede elétrica, por meio de geradores ou placas solares. É comum, inclusive, que o equipamento seja enviado para essas regiões junto de painéis fotovoltaicos. "A inovação está na portabilidade do equipamento", afirma Silva.

Para o consultor de negócios da WIV Gestão Financeira, Vitor Moura, não há problema específico no fornecimento de equipamentos para o governo, mas a concentração das vendas com poucos clientes pode representar um risco para qualquer companhia.

"A estratégia da pequena empresa sempre tem que focar na diversificação de sua carteira de clientes para não correr riscos", afirma Moura. "Fornecer para o governo não é um risco necessariamente, se você tiver uma diversidade de carteira dentro das compras governamentais", pontua.

O purificador da marca usa elementos como cloro de piscina, filtros limpáveis e dialisadores hospitalares para fazer o tratamento da água. A autonomia antes da necessidade de troca dos filtros é de 150 mil litros. O custo para manutenção é de cerca de R$ 800.

Um dos primeiros equipamentos foi testado em uma comunidade na ilha do Bororé, localizada na represa Billings, zona Sul de São Paulo. Com o sucesso dos testes, a companhia percebeu a possibilidade de expandir e oferecer os equipamentos para o governo e empresas em uma escala maior.

Atualmente as estações de tratamento portáteis da PWTech são reconhecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um projeto para ajuda humanitária. Além disso, a companhia é considerada Empresa Estratégica de Defesa pelo Ministério da Defesa, o que permite uma melhor interlocução para a venda dos dispositivos para as Forças Armadas.
 
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